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Como impermeabilizar jardins suspensos

jardins suspensos

Elevada resistência mecânica e durabilidade são os principais requisitos técnicos a serem atendidos pela impermeabilização de jardins suspensos com coberturas verdes.

Capazes de tornar as grandes cidades mais agradáveis e saudáveis, os telhados verdes, também chamados de jardins suspensos, consistem na introdução de camadas de terra e cobertura vegetal sobre lajes ou telhados existentes. Essa solução vem sendo cada vez mais utilizada por melhorar a qualidade do ar e o desempenho térmico das edificações, além de reduzir o fenômeno das ilhas de calor. Graças ao seu potencial de retenção de águas de chuva e à sua contribuição para minimizar enchentes urbanas, há cidades no Brasil com leis ou instruções que incentivam a implementação de coberturas verdes em edificações públicas e privadas. É o caso de Porto Alegre (RS) e Recife (PE), por exemplo.

Tipos de telhados verdes

A International Green Roof Association (Igra) distingue os telhados verdes em três tipologias principais, variáveis em função do porte da vegetação cultivada e da espessura do substrato.

  • Extensivo: utiliza plantas rasteiras de pequeno porte. Pesa entre 60 kg/m² e 150 kg/m²
  • Semi-intensivo: tem vegetação de porte médio. Pode exercer carga de 120 kg/m² a 200 kg/m²
  • Intensivo: utiliza plantas de porte médio a grande. A carga prevista varia entre 180 kg/m² e 500 kg/m²

Independentemente do seu tipo ou porte, o telhado verde requer impermeabilização em toda a superfície da laje para proteger a estrutura de concreto e as pessoas contra infiltrações. “Para isso, é necessário um projeto de impermeabilização para compatibilizar as interfaces e respectivos detalhes executivos com os sistemas hidráulicos/elétricos/sanitários”, afirma o engenheiro Marcos Storte, diretor técnico da A2S Engenharia e Perícia.

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Telhados verdes necessitam de impermeabilização que deve ser feita de acordo com normas técnicas (18042011 / shutterstock). Foto: Site Green Roofs.

Crédito: Divulgação

PRINCIPAIS SOLUÇÕES

Elevada resistência mecânica e durabilidade são os principais requisitos técnicos a serem atendidos pela impermeabilização de coberturas verdes. Para tanto, as soluções empregadas podem combinar a resistência ao puncionamento estático das armaduras de poliéster e a resistência ao puncionamento dinâmico das mantas asfálticas modificadas com polímero.

A impermeabilização deve ser realizada de acordo com as exigências e recomendações das normas vigentes da ABNT NBR 9574:2008 (Execução de impermeabilização) e da ABNT NBR 9575:2010 (Impermeabilização – Seleção e projeto). Essa última exige a aplicação de sistemas e produtos impermeabilizantes com proteção contra raízes.

O engenheiro agrônomo Sérgio Rocha, diretor-executivo do Instituto Cidade Jardim, explica que essa proteção deve tomar como referência os mais elevados graus de resistência. Afinal, telhados verdes são sistemas abertos e é impossível evitar a entrada de sementes invasoras que chegam ao telhado pela ação dos ventos, aves e morcegos. “Nesse sentido, o ‘Procedimento para Investigação da Resistência à Penetração da Raiz em Telhados Verdes”, produzido pela Sociedade Alemã para Pesquisa e Desenvolvimento da Paisagem e Paisagismo (FLL) é uma referência importante para definir parâmetros sobre a impermeabilização com proteção contra raízes. Já há, inclusive, produtos disponíveis comercialmente no Brasil que atendem a este protocolo”, diz Rocha.

Segundo Storte, soluções comumente indicadas para impermeabilizar coberturas verdes são a manta asfáltica antiraiz, na qual um biocida é disperso em toda a massa, e a solução asfáltica antiraiz, aplicada na forma de pintura. 

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Em linhas gerais telhados verdes contribuem para o combate aos GEE’s (gases de efeitos estufa), melhoram a qualidade de vida nas áreas urbanas e proporcionam um embelezamento impar às edificações. Foto: Acervo.

Crédito: Divulgação

Embora seja menos indicado, é possível também recorrer a impermeabilizantes sem proteção contra raízes embutida. Nesses casos há duas alternativas: aplicação de uma membrana extra sobre a estrutura existente ou o tratamento com produtos líquidos com herbicida. Sérgio Rocha alerta que caso se opte pela aplicação de membrana extra sobre a impermeabilização, lonas sobrepostas não funcionam. “Membranas para proteção antiraízes só funcionam quando totalmente soldadas em suas junções”, destaca.

BOAS PRÁTICAS DE EXECUÇÃO

A impermeabilização de coberturas verdes, assim como ocorre em outras estruturas, não pode prescindir de alguns cuidados executivos. A começar pela boa preparação da superfície, que deve ser regularizada com areia e cimento com caimento mínimo de 1% para os ralos de drenagem.

“Especial atenção deve ser dada aos pontos de solda, lembrando que cantos, bordas e drenos são os locais mais suscetíveis a erros durante a instalação”, complementa Rocha, ressaltando que materiais como o polietileno de alta densidade (PEAD) são fisicamente resistentes à penetração de raízes, mas a sua aplicação e solda é bastante complicada. “Além disso, juntas de dilatação, claraboias, entradas para elétrica, hidráulica e ventilação, entre outras interferências, devem ser cuidadosamente executadas”, salienta o diretor-executivo do Instituto Cidade Jardim.

Os projetos de coberturas verdes costumam contemplar as seguintes camadas sobre a superfície impermeabilizada:

  • Proteção mecânica da impermeabilização
  • Camada drenante – para escoar as águas de chuva contínuas e evitar o encharcamento excessivo da terra
  • Manta filtrante (geotêxtil) – Impede o tamponamento da camada drenante por acúmulo das partículas de solo
  • Camadas de terra – Compatível com a vegetação a ser instalada na cobertura verde
  • Vegetação

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