A imagem icônica da grande família não é mais a realidade do Brasil. Estudo do IBGE sobre Característica Gerais dos Moradores 2021, feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgado na última sexta-feira mostra que o brasileiro segue uma tendência mundial e está morando sozinho.
Este fato já vinha sendo observado por muitos países há anos, por conta de inúmeros fatores, como envelhecimento da população por exemplo, aumentou ainda mais durante a pandemia. Hoje quase 11 milhões de pessoas moram sozinhas, um aumento de 43,7% com 2012, ano da última pesquisa.
A taxa brasileira de lar solos é de 14,9%, com destaque para o Rio de Janeiro e Porto Alegre que lideram com 18,4% e 18,3% respectivamente.
Por conta disto a realidade dos micro apartamentos vem crescendo nos grandes centros, apartamentos de 10 a 30 metros quadrados. Neste tipo de ambiente, a pessoa dorme nos apartamentos, mas o empreendimento é a extensão da sua casa, com serviços como lavanderia, sala de ginástica, espaço para home office e outras tantas facilidades.
De acordo com dados do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), nos últimos sete anos, os microapartamentos tiveram um “boom” na cidade de São Paulo, passando de 0,8% para 22% dos lançamentos imobiliários realizados na capital paulista entre os meses de janeiro e maio.
Em 2016, nos cinco primeiros meses do ano, foram lançados 30 imóveis desta categoria. No mesmo período de 2022, o número saltou para 5.066. Um aumento expressivo também foi registrado no lançamento de apartamentos com área entre 30 m² e 45 m², que deixaram de representar 29,1% dos imóveis residenciais lançados na capital, em 2016, para se tornarem maioria (50,8%) neste ano.
A procura por apartamentos mais simples, compactos, práticos e em grandes centros está ocorrendo por iniciativa de pessoas mais jovens, que naturalmente já têm outros hábitos de vida. Muitas delas, por exemplo, não possuem veículos e preferem utilizar os serviços de aplicativos de mobilidade ou mesmo bicicletas para se locomoverem na cidade.
Estudos feitos por incorporadoras apontaram o surgimento de um público ligado em tecnologia que prefere morar só e próximo a grandes centros, onde tudo acontece. Ou seja, elas estão acostumadas a ter inúmeros serviços disponíveis a um clique de distância.
Sabendo disso, construtoras apostam cada vez mais nesse perfil em São Paulo, onde só entre 2014 e 2020 foram lançados 250 mil apartamentos compactos. O nicho também atrai mais comércio e serviços, antes menos explorados, para os bairros nobres da capital paulista.
Com a chegada da tecnologia, a tendência é vermos o surgimento de novos serviços do gênero em um futuro breve. Para se ter uma ideia, antes do 4G, não existiam aplicativos de mobilidade, de música ou de entregas. Essas inovações que só foram possíveis após a nova tecnologia.
Outra tendência para a escolha de apartamentos menores é a opção de muitos por não terem filhos. A preferência desse público mais jovem, das classes médias e altas, é por animais de estimação.
Esse novo conceito também se moldou após as transformações que a pandemia causou, entre elas a valorização do metro quadrado, especialmente em áreas nobres das grandes cidades, com fácil acesso ao transporte público e comércio local.
Aos poucos as grandes cidades vão incorporando conceitos do novo urbanismo com a formação de cidades bairro, como Paris ou Buenos Aires.