Colunistas Roberta Bigucci

O ESG MORREU?

Outro dia li um artigo mencionando que o ESG morreu.

Parei para refletir e creio que isso possa ser verdade, pois a conscientização, as práticas e métricas no Ambiental (E), Social (S) e Governança(G) estão deixando de ser um “nicho”, um jogo de letras, e passando a ser incorporadas em uma visão sistêmica nas práticas das empresas como algo rotineiro, pois estão em quase tudo o que fazemos. Se na sua empresa ainda não está, vale uma reflexão.

Vejamos um dos grandes exemplos de ESG que é o Retrofit. 

O que é o Retrofit?

Colocar o antigo em forma; transformar edificações do passado adaptando-se às necessidades atuais. Revitalizar construções antigas que necessitam de melhorias, atualizações ou que já se tornaram inutilizáveis ao decorrer do tempo, devido ao seu uso não ser mais adequado àquele momento ou à certa situação. 

E onde está o ESG aí? Simplesmente em tudo dentro do Retrofit, pois pode trazer benefícios como:

  • Melhorar a eficiência energética, hidráulica e elétrica dos edifícios; (E)
  • Aumentar a segurança, a acessibilidade e o conforto dos usuários; (S)
  • Valorizar o patrimônio histórico e cultural da cidade; (S)
  • Reduzir os custos e os impactos ambientais de novas construções. (G)

Segundo o arquiteto e gestor do curso de Arquitetura e Urbanismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Ênio Moro, as práticas do retrofit são sustentáveis e fomentam o desenvolvimento do local. “Um espaço retrofitado pode garantir economia de 20% nos gastos. Esse processo aumenta a qualidade, vida útil do imóvel e valoriza não só as construções, mas, principalmente, o seu entorno, ao transformar áreas degradadas em ambientes favoráveis ao desenvolvimento.

Mas faltam Leis. A legislação sobre imóveis retrofitados ainda é rara, quase nenhum município tem legislação específica.

Em 20/07/2021 surgiu a Lei do Retrofit em São Paulo, Lei 17.577/21, e em 20/05/2022 tivemos o Decreto nº 61.311, regulamentando a Lei nº 17.577, que dispõe sobre o Programa Requalifica Centro no que tange à aprovação dos pedidos de requalificação de edificações (Retrofit) na região central da Cidade de São Paulo.

No Grande ABC, a Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (ACIGABC) e a Universidade Municipal de São Caetano do Sul articulam junto às prefeituras da região a criação de uma legislação específica que permita o Retrofit transformar a função do uso do imóvel, com benefícios às cidades, assim como já ocorre nos municípios de São Paulo, do Rio de Janeiro e outras poucas cidades do Brasil.  Os ofícios foram protocolados nas prefeituras de Santo André, São Bernardo e São Caetano em abril de 2022 e o objetivo é conseguir uma legislação mais avançada do que a capital, tornando-se referência neste modelo de construção. 

Fora do Brasil, é muito mais comum termos ações de Retrofit e podemos enxergar melhor o ESG “embutido” nessas ações.

Por exemplo, o Empire State Building, em Nova Iorque, passou por uma grande modernização para melhorar a eficiência energética, resultando em diminuição significativa de custos e redução da pegada ambiental. (E,G)

Em Terras Tupinikins, temos alguns exemplos de imóveis retrofitados:

Ilustração antiga fábrica de tambores – Pompeia SP | Crédito: SESC-SP

SESC Pompeia | Credito: Pedro Kok

Antiga fábrica de tambores, no Bairro Pompeia da capital paulista, foi transformada pela arquiteta Lina Bo Bardi no Sesc Pompeia (SP), uma das mais belas unidades de lazer e cultura, transformando o entorno do bairro.

Antiga fábrica Martini Bacardi | Crédito: Domínio público

Vista aérea Mbigucci Business Park – São Bernardo | Crédito: MBigucci

Antiga Fábrica Martini Bacardi, no Rudge Ramos em São Bernardo, hoje abriga o MBigucci Business Park São Bernardo, com diversas empresas e um supermercado.

O prédio a Tarde que virou anos mais tarde o Hotel Fasano, em Salvador-BA (Foto: 1- Domínio Público/ 2- Divulgacão).

O edifício que abrigou por 45 anos a sede do jornal A Tarde, em Salvador, na Bahia, foi transformada no Edifício do Hotel Fasano.

Estes exemplos demonstram como a modernização para ESG pode levar a melhorias tangíveis na eficiência energética, na responsabilidade social e na governação ética nas empresas e organizações. Cada projeto de retrofit é adaptado às necessidades e objetivos específicos da entidade, demonstrando a versatilidade e o impacto dos retrofits com foco em ESG.

Em resumo, o Retrofit é um grande exemplo que o ESG já está incorporado no Mercado Imobiliário.  

 Saiba mais: https://youtu.be/R48KjNEtkVI

Roberta Bigucci é arquiteta, urbanista e advogada, diretora da MBigucci e responsável pelos Big’s (Big Riso, Big Vida, Big Conhecimento, Big Vizinhança e Big Ideias), programas sociais e ambientais da empresa).

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