Estimativa de população infectada em Belo Horizonte(MG) subiu para mais de 50 mil pessoas entre os dias 8 e 12 de junho pelo coronavírus.
O Boletim de Acompanhamento do projeto-piloto, Monitoramento COVID Esgotos, apontou novos focos de crescimento na detecção do COVID-19. Com resultados das amostras coletadas entre 8 a 12 de junho, o boletim aponta que, pela primeira vez, 100% das amostras de esgoto da bacia do Arrudas testaram positivo para a presença do novo coronavírus. O estudo trouxe resultado das amostras de esgoto coletadas nos sistemas de esgotamento sanitário das bacias do Arrudas e do Onça, em Belo Horizonte e Contagem (MG).
O objetivo do projeto-piloto é monitorar a presença do novo coronavírus nas amostras de esgoto coletadas em diferentes pontos do sistema de esgotamento sanitário das cidades de Belo Horizonte e Contagem, inseridos nas bacias hidrográficas dos ribeirões Arrudas e do Onça. Assim é possível gerar dados para a sociedade e ajudar gestores na tomada de decisão.
O trabalho, que terá duração inicial de dez meses, é fruto de Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado entre a ANA e o INCT ETE Sustentáveis/ UFMG. Com a continuidade dos estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus nas diferentes regiões analisadas para entender a prevalência e a dinâmica de circulação do vírus.
Com os dados obtidos, será possível saber como está a ocorrência do novo coronavírus por região, o que pode direcionar a adoção ou não de medidas de relaxamento consciente do isolamento social. Também pode possibilitar avisos precoces dos riscos de aumento de incidência do COVID-19 de forma regionalizada, embasando a tomada de decisão pelos gestores públicos.
Futuramente os resultados preliminares da pesquisa serão divulgados na forma de mapas dinâmicos, que possibilitarão acompanhamento da evolução espacial e temporal da ocorrência do vírus.
Nascente do Ribeirão Arrudas, município de Contagem (MG). Créditos: Tanto Expresso/Luiza Baggio
A bacia do Arrudas, demonstrou aumentado de 71% para 86% nos percentuais de amostras positivas nas semanas anteriores do projeto, conduzido pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis/UFMG), em parceria com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Na bacia do Onça, por três semanas consecutivas, 100% das amostras resultaram positivas para a presença do novo coronavírus, segundo o boletim.
A estimativa de população infectada também aumentou na mais recente semana de coletas, chegando a 11,7% da população atendida por uma das sub-bacias de esgotamento analisadas, em um dos pontos de coleta. Na semana anterior (de 1º a 5 de junho), dados do mesmo ponto de coleta permitiam estimar que 6,9% da população atendida estaria infectada pelo novo coronavírus, causador do COVID-19.
Bacia do Onça. Créditos: Divulgação.
Esse aumento indica que mais de 50 mil pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus, conforme carga viral identificada nas amostras coletadas entre 8 e 12 de junho. Esta população equivale a aproximadamente 2,5% de toda a população interligada aos sistemas de esgotamento e tratamento das bacias do Arrudas e do Onça. Na semana de coleta anterior, estimava-se em mais de 20 mil pessoas infectadas nas regiões pesquisadas.
“Os resultados e as estimativas com base no monitoramento do esgoto indicam tendência de aumento expressivo da população infectada pelo novo coronavírus em Belo Horizonte. Portanto, medidas de prevenção e controle para evitar a disseminação do vírus deveriam ser intensificadas” afirmam os pesquisadores, no boletim.