Uma das grandes questões das construtoras que adotaram o ESG é como fazer o consumidor final ter percepção dos benefícios de morar em empreendimentos certificados e a resposta chegou: o crédito sustentável traz o ESG para a ponta da linha.
Na última sexta-feira o Itaú Unibanco de um grande passo, com o crédito imobiliário sustentável para pessoas físicas. Em resumo, o banco vai oferecer menores taxas para quem optar por empreendimentos com certificações sustentáveis.
O programa “Repasse Verde” é um desdobramento de um projeto macro “ Plano Empresário Verde”, que financia projetos com taxas especiais para aqueles que atendem as certificações verdes de construção sustentável.
No momento são aceitos os projetos com certificados pelos selos Edge, da International Finance Corporation (IFC, unidade do Banco Mundial para o setor privado) ou Aqua-HQE, da Fundação Vanzolini e já em negociação o padrão Leed, gerido pelo GBCI Brasil.
Atualmente, são cerca de 24 empreendimentos habilitados no plano, somando R$ 3,5 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV).
“Depois do Plano Empresário Verde, entendemos que era importante incentivar e trazer um benefício para a ponta do cliente final, com condições de precificação diferenciada”, afirma o diretor de crédito imobiliário e consórcios do Itaú, Thales Ferreira da Silva.
A solução, conforme o executivo, nasceu “da visão integrada de atuação entre banco de atacado e de varejo”.
O Itaú, atualmente, oferece taxas para o crédito imobiliário entre 9,5% mais taxa referencial de juros (TR) e 9,99% mais TR. “Nesse momento então, a taxa de 9,5% é a menor que vamos oferecer”, diz Silva.
Isso significa que, se houver corte de juros pelo Banco Central, como é esperado pelo mercado para 2023, esse custo pode diminuir.
“Com o Repasse Verde e fechando o ciclo [do crédito verde aos incorporadores], a gente entende que o nível de interesse e a adesão de novas empresas de construção ao Plano Empresário Verde vai aumentar bastante”, afirma Bianchi. “Quando a pessoa física observar que há condições melhores de crédito [na aquisição de unidades residenciais verdes], pode gerar um aumento de demanda para os projetos com as certificações.”
O diretor do segmento imobiliário do Itaú BBA afirma ainda que “o desenvolvimento de soluções que trazem o arcabouço e ESG [sigla em inglês para ambiente, social e de governança] é ser cada vez mais presente na atuação do banco”. Bianchi lembra ainda que as certificações verdes para edificações trazem metodologias que tendem a tornar os empreendimentos mais econômicos em termos de consumo de água e energia. “Isso tende a ser um benefício extra para o futuro morador.”