Thomas Diepenbruck

O uso de boas práticas como vetor de aprendizagem organizacional

O USO DE BOAS PRÁTICAS COMO VETOR DE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL

Escrito por: Thomas Martin Diepenbruck

A aprendizagem organizacional é um processo contínuo e dinâmico que permite às organizações adaptarem-se e prosperarem em um ambiente em constante mudança. Ao emergir como um diferencial competitivo significativo, a parametrização possibilita que empresas aproveitem ao máximo suas experiências passadas no desenvolvimento de novas ideias e soluções para o mercado. 

No setor da construção civil – caracterizado pela complexidade dos projetos, elevado número de envolvidos, variedade de materiais e rápida evolução de métodos e tecnologias – a adoção de boas práticas torna-se ainda mais crucial para manter-se atualizado. Dentro deste contexto, as “boas práticas” à que me refiro podem ser entendidas como métodos ou técnicas tomadas como referências, por apresentarem resultados superiores, comprovados através da experiência e da pesquisa. 

Neste artigo, exploro como a referida atitude pode servir de vetor de aprendizagem organizacional na construção civil, ao ser dividida em quatro etapas: identificação, disseminação, implementação e inovação contínua.

Identificação e Documentação

A primeira etapa na utilização de boas práticas é a sua identificação e documentação. Isso envolve:

  • Pesquisas Interna e Externa: 

As organizações devem buscar, internamente, exemplos de práticas que geraram resultados positivos e, ao mesmo tempo, observar outras empresas do setor para identificar práticas bem-sucedidas. 

Na última década, por exemplo, a aplicação de BIM (Building Information Modeling) tem mostrado melhorias significativas na gestão de projetos e a utilização de construção modular tem reduzido tempos de construção e custos associados.

  • Documentação Estruturada: 

Uma vez identificadas, essas práticas devem ser documentadas de maneira clara e acessível. Isso inclui a descrição detalhada dos processos, os resultados esperados e os critérios de sucesso. 

Essa documentação pode incluir especificações técnicas, normas de segurança e estudos de caso de projetos bem-sucedidos.

Disseminação do Conhecimento

A aprendizagem organizacional depende da disseminação eficaz do conhecimento. Para isso, é fundamental:

  • Treinamento e Desenvolvimento:

Programas de treinamento devem ser implementados para garantir que todos os colaboradores compreendam e possam aplicar as boas práticas.

  • Plataformas de Compartilhamento de Conhecimento:

Ferramentas como intranets, wikis e redes sociais corporativas podem ser utilizadas para facilitar o compartilhamento e o acesso às boas práticas. Workshops e conferências do setor também podem servir como plataformas para troca de experiências. 

Porém, entre tantas opções possíveis, provavelmente a ferramenta mais eficaz na atualidade para disseminar conhecimento sejam vídeos. Pela própria natureza que têm, conteúdos audiovisuais facilitam o entendimento ao permitirem a visualização da aplicação prática das boas ações, proporcionando uma compreensão mais clara dos processos. Vídeos também são mais envolventes do que documentos escritos, aumentando a retenção da informação, e se tornando acessíveis a qualquer momento e lugar. 

Cabe destacar também que estes vídeos devem preferencialmente ter um caráter “neutro” sobre a experiência, uma vez que esta pode ter sido negativa ou positiva e ninguém quer ser lembrado por algo que não deu certo em um projeto, assim como o público em geral perde o interesse no assunto caso o vídeo tenha como foco principal a vanglória do narrador da experiência. 

Isso é essencial para engajar cada vez mais pessoas a colaborar com novos conteúdos, tendo sempre como foco o que deve ser feito para evitar de incorrer novamente na mesma situação ou o que deve ser repetido para obter êxito semelhante.

Implementação e Adoção

Para que as boas práticas sejam efetivamente adotadas, é necessário:

  • Alinhamento com os Objetivos Organizacionais:

As práticas devem estar alinhadas com os objetivos estratégicos da organização para garantir sua relevância e aplicação. Por exemplo, a adoção de práticas sustentáveis deve estar alinhada com os objetivos de responsabilidade ambiental da empresa.

  • Envolvimento da Liderança:

A liderança deve estar engajada e servir como modelo, incentivando e apoiando a adoção das boas práticas. Líderes devem promover uma cultura de aprendizagem contínua, baseada em colaboração e inovação dentro de um ambiente seguro, isento de críticas.

  • Monitoramento e Avaliação:

É crucial monitorar a implementação das boas práticas e avaliar seus impactos, realizando ajustes conforme necessário. Ferramentas de gestão de projetos e KPIs (Key Performance Indicators) podem ser usadas para essa finalidade.

Aprendizado Contínuo e Inovação

A utilização de boas práticas deve ser vista como um processo dinâmico e contínuo. Para isso:

  • Feedback e Melhoria Contínua:

O feedback dos colaboradores deve ser constantemente coletado para identificar oportunidades de melhoria e de ajustes nas práticas implementadas.

  • Cultura de Inovação:

As organizações devem fomentar uma cultura de inovação, encorajando seus colaboradores a explorar novas abordagens e a questionar as práticas estabelecidas, quebrando paradigmas. Na construção civil, isso pode incluir, por exemplo, a experimentação de novos materiais como concretos de alta resistência, construção off-site e tecnologias de automação.

Exemplos de Boas Práticas

Alguns exemplos de boas práticas que têm se mostrado eficazes em diferentes organizações incluem:

  • Gestão de Projetos Ágeis: 

Utilização de metodologias ágeis para aumentar a flexibilidade e a resposta rápida às mudanças. Métodos como Lean Construction têm mostrado reduções significativas em desperdício e aumento na eficiência.

  • Práticas de Sustentabilidade:

Implementação de práticas sustentáveis que não só beneficiam o meio ambiente, mas também reduzem custos e melhoram a reputação da organização. Um exemplo é o uso de telhados verdes, que contribuem para a eficiência energética, aproveitam a água da chuva e proporcionam isolamento térmico, resultando em economia de energia e redução da pegada de carbono.

  • Desenvolvimento de Talentos: 

Programas robustos de desenvolvimento de talentos que asseguram que os colaboradores possuam as habilidades e conhecimentos necessários para enfrentar desafios futuros. 

A implementação de um sistema de premiação interna, que reconheça e recompense o desempenho excepcional, potencializa o desenvolvimento contínuo e a excelência entre os colaboradores e dá novas oportunidades de protagonismo a todos.

Conclusão

Quando identificadas, documentadas e disseminadas adequadamente, as boas práticas não apenas melhoram o desempenho das empresas, mas também promovem uma cultura de aprendizagem contínua e inovação. 

No setor da construção civil, onde a adaptação rápida a novos materiais, tecnologias e métodos construtivos é essencial, a integração eficaz dessas práticas pode posicionar as empresas de maneira vantajosa em um mercado competitivo, garantindo que estejam na vanguarda do setor e preparadas para enfrentar os futuros desafios, reconhecendo e retendo seus talentos.

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