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Locação flexível, mais um caminho para as incorporadoras

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As incorporadoras já possuem mais uma fonte de renda para as unidades que estão em estoque. Startups do mercado imobiliário especializadas em locação de curta temporada estão fazendo parcerias com incorporadoras para aumentar seu portfólio através da locação flexível.

A Charlie fechou em maio parceria com a incorporadora Yuny para oferecer os apartamentos do Limited Pinheiros em sua plataforma de locação flexível.

O empreendimento já está 100% vendido e deve ser entregue em outubro. Os compradores foram avisados da parceria e os interessados fizeram lives com a proptech para entender o modelo de operação.

Quem aderir à Charlie vai equipar seu apartamento de acordo com a decoração padrão da empresa e terá o imóvel adicionado na base da companhia. Segundo Allan Sztokfisz, CEO da Charlie, a empresa não promete uma rentabilidade específica, mas é usual algo em torno de 8% ao ano. “Para esse produto, temos estudo que estima algo superior a isso”, afirma.

O Limited Pinheiros tem 165 unidades, de 22 a 58 metros quadrados, a maior parte delas formada por estúdios ou apartamentos de um quarto.

Para a Yuny, a vantagem está em aumentar a possibilidade de ganhos do seu cliente e fidelizá-lo, para que volte a comprar imóveis com a empresa no futuro.

Se associar a uma plataforma como a Charlie é uma maneira de tentar prevenir a ociosidade dos apartamentos que foram comprados para gerar renda.

O Plano Diretor atual de São Paulo incentiva, indiretamente, a construção de estúdios em regiões próximas ao transporte coletivo, como é o caso de Pinheiros, e o mercado já olha com desconfiança para a onda de unidades compactas despejada na cidade nos últimos anos. O receio é de que os estúdios sejam os novos flats ou salas comerciais, que deram (ainda dão) dor de cabeça aos investidores pelo excesso de oferta, baixa demanda e custos elevados de manutenção. Investir em plataformas que facilitem a hospedagem, garantam um controle de qualidade dos imóveis e controlem os preços é uma forma de tentar diferenciar seu produto.

Para Sztokfisz, a Charlie evita uma nova geração de flats por ter operação barata, que não aumenta a taxa de condomínio, e demanda maior, já que oferece imóveis de várias dimensões, por períodos variados.

“Localização é sempre preponderante para o desenvolvimento imobiliário e sempre buscamos projetos bem localizados. Tem muita coisa [no mercado], sim, mas os mais óbvios sobreviverão”, analisa Fabrício Costa, diretor comercial da Yuny.

Outra empresa de locação flexível, a Nomah, fundada em 2017 e comprada pela Loft em 2021, encara um possível aumento do estoque de estúdios por parte das incorporadoras como uma oportunidade de crescimento. Foi assim que o negócio começou a crescer, em seu primeiro ano, ao firmar parceria com a Setin, que havia entregado muitos estúdios na região com estoque.

Enquanto os apartamentos não eram vendidos pela Setin, a locação via plataforma da Nomah permitiu geração de receita para unidades que só estariam originando gastos, com condomínio e IPTU. A exposição dos imóveis também ajudou a acelerar as vendas do estoque, explica Evanilson Bastos, diretor comercial da Setin.

“Foi interessante porque comecei a oferecer outro produto para venda. Além do estúdio tradicional, o estúdio já decorado e com renda. Conseguimos atingir um público que não tem paciência ou tempo para procurar corretor para alugar, para decorar”, afirma.

Esse interesse das incorporadoras é uma forma do segmento de locação flexível combater um momento difícil para conseguir investimentos. No ano passado, com os juros baixos, esse tipo de locação – e os negócios que a promovem – ficaram atrativos para investidores, desde pessoas físicas que poderiam colocar seus apartamentos nas plataformas até grandes fundos.

Agora, o momento é outro, mas os empresários apostam na manutenção da demanda por locação flexível, e no aumento do estoque imobiliário, para continuar crescendo.

A popularização do trabalho híbrido é uma fonte de clientes para o setor. “Identificamos uma tendência forte de pessoas que, por exemplo, moravam nos Jardins e foram viver em Itu, Valinhos, mas agora que as coisas estão voltando, ficam de 3 a 5 dias em São Paulo, na Nomah”, afirma Thomaz Guz, CEO e cofundador da empresa.

A empresa faz locações por diárias ou em pacotes de um mês, que já somam 25% da receita. No modelo mais curto, o tempo médio de estada hoje é de 4 ou 5 dias, ante os 2 dias registrados no período pré-Covid. Nas locações mais longas, a média está em 2 ou 3 meses.

Assumir a administração de hotéis, setor muito atingido pela pandemia, é outra via de crescimento explorada pelas plataformas. A Charlie já passou a administrar hotéis de bandeira Mercure, Ramada e assumiu recentemente um Tulip Inn no bairro do Paraíso, em São Paulo.

Já a Nomah também adotou o modelo com um hotel em Alphaville. De acordo com os empresários, como seus negócios são baseados em tecnologia e precisam de poucos funcionários, a operação fica mais leve e barata, o que se reflete em ganhos maiores para os investidores das unidades hoteleiras.

“É um caminho incrível, a Charlie pode crescer porque existe demanda grande de investidores de hotéis que querem modelos mais modernos de operar”, afirma Sztokfisz. O próximo objetivo da companhia é expandir essa atuação para o Rio de Janeiro.

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