Setor sinalizou possível retomada em 2019, mas crise do coronavírus freou movimento da construção civil nas empresas.
A construção civil sinalizou em 2019 que poderia engatar retomada depois de período de queda nos negócios no Rio Grande do Sul. O pânico provocado pelo coronavírus, contudo, freou o movimento. Diante da situação e para evitar demissões, empresas e representantes dos trabalhadores do setor em Porto Alegre (RS), firmaram acordo para tentar reduzir perdas e preservar empregos.
O Sinduscon-RS, que representa os empresários, e o STICC, dos funcionários, formalizaram o acerto no último dia 20. A decisão permite, por exemplo, corte de até 40% na jornada e nos salários, além da divisão de trabalhadores por turno, a fim de diminuir a quantidade de empregados ao mesmo tempo nas obras.
“As medidas são importantes. Buscam mitigar as perdas das empresas e preservar os empregos”, afirma o presidente do Sinduscon RS, Aquiles Dal Molin Junior.
Preocupação
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Na quarta-feira (1/04), a prefeitura de Porto Alegre publicou decreto que estabelece estado de calamidade pública. A decisão proibia, no momento, atividades da construção civil, com exceção das relacionadas a saúde, segurança e educação.
Presidente do STICC, Gelson Santana valoriza o acerto com o Sinduscon-RS, mas lamenta os prejuízos trazidos pelo coronavírus. O dirigente sindical teme que pequenas construtoras não tenham capacidade para aguentar o choque causado pela pandemia. “As empresas pequenas estão sentindo bastante”, diz Santana.
Gigante do setor, a MRV promete não fazer demissões durante 60 dias. No Rio Grande do Sul, a construtora emprega 1,2 mil funcionários, somando canteiro de obras e setor administrativo. No país, são cerca de 30 mil. Conforme o copresidente da companhia, Eduardo Fischer, eventual proposta de redução salarial não é estudada neste momento.
– Queremos garantir que as pessoas tenham emprego, dar segurança para elas. Isso vai custar dinheiro para a empresa? Vai. Mas não vamos demitir, nem reduzir salários, por enquanto. Nosso negócio é de longo prazo. Temos de pensar nas pessoas. As empresas pequenas talvez não tenham capital de giro para sustentar um momento como este — declara Fischer.
A Cyrela Goldsztein também declara que, “em respeito aos seus colaboradores e ao compromisso com o país”, não demitirá funcionários nos próximos dois meses. Em nota, a companhia explica que a decisão faz parte de um movimento nacional de mais de 200 empresas para evitar cortes.