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O fim do sabático da Gafisa

Gafisa

Depois de quase dois anos na defensiva e com gestões turbulentas, companhia lança R$ 2,6 bilhões em imóveis em São Paulo e Rio de Janeiro. Segmento de propriedades é a ‘menina dos olhos’ da nova administração. Turbulências não deveriam fazer parte do plano de voo, mas enfrentá-las separa empresas maduras das que ficam pelo caminho. A Gafisa briga para estar no primeiro grupo.

Depois de sobreviver a administrações problemáticas durante a década de 2010 e a um período sabático nas atividades nos últimos dois anos, a incorporadora se reconstruiu sob o comando de uma nova diretoria, a partir de abril de 2019. Desde então, retomou obras, adquiriu terrenos e, mais recentemente, promoveu lançamentos de empreendimentos em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde iniciou a sua trajetória há 66 anos. O Valor Geral de Vendas (VGV) dos negócios chega a R$ 2,6 bilhões, algo impensável para quem, até março do ano passado, encontrava-se em situação de insolvência, com todas as 17 obras paralisadas – e já retomadas. “Hoje, temos uma empresa capitalizada, com R$ 700 milhões no caixa”, afirmou à ISTO É DINHEIRO Ian Andrade, vice-presidente de Finanças e Gestão da Gafisa. “Neste ano, de um total de 2 mil unidades, já entregamos 1,2 mil. E temos outras 2 mil para entregar ao longo de 2021 e 2022.”

O renascimento da companhia começou este ano em São Paulo, principal mercado do País. Apesar da pandemia, no terceiro trimestre a empresa apresentou três empreendimentos em bairros nobres, com VGV de R$ 261 milhões. E neste mês lançará outro, com VGV de R$ 260 milhões. Em outra frente, adquiriu dois terrenos, com VGV de R$ 300 milhões. O potencial de expansão não se deu apenas organicamente. Foi ampliado com a compra, em fevereiro, da incorporadora Upcon, com estoque de R$ 900 milhões de VGV em terrenos.

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Crédito: Divulgação

LUXO-Uma das vertentes da Gafisa é a comercialização de imóveis de alto padrão, como o MN 15 Ibirapuera, localizado em área nobre da cidade de São Paulo.

No Rio, o segundo maior mercado nacional, a empresa adquiriu quatro projetos da Construtora Calçada, com VGV total de R$ 1 bilhão. Um dos empreendimentos, na Barra da Tijuca, com R$ 570 milhões de VGV, já é comercializado. Também existem projetos no Leblon, Botafogo e na Barra da Tijuca. “No total, temos 15 projetos aprovados ou em aprovação para lançar em um ano e meio”, disse Andrade. Unidades que vão de R$ 300 mil a R$ 20 milhões.

Para o executivo, o setor imobiliário tem se beneficiado com a pandemia, especialmente o segmento residencial, pois as “pessoas estão repensando as suas decisões de moradia”. Os números do terceiro trimestre corroboram. “Foi o melhor trimestre da Gafisa nos últimos dois anos. A gente vendeu R$ 144 milhões, contra R$ 40 milhões do trimestre anterior (segundo). Crescimento de 250%.” Uma curva de virada, já que no primeiro semestre a empresa apresentou prejuízo de R$ 49 milhões, além de recuo de 20,3% na receita líquida, para R$ 155,5 milhões. A companhia aposta num ciclo imobiliário virtuoso para os próximos anos. “Há um nível de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e poupança de R$ 800 bilhões. É um volume muito forte”, disse.Os bons números do mercado são confirmados pelo indicador da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). As vendas no terceiro trimestre atingiram volume de 39,6 mil unidades, alta de 39,7% em relação ao mesmo período de 2019. Em setembro, foram 13,4 mil negócios, recorde desde maio de 2014 (14,1 mil). Para Luiz Antônio França, presidente da Abrainc, o resultado surpreende, levando em conta o elevado nível de desemprego (14,1 milhões de pessoas) e o impacto negativo da pandemia. “Isso mostra que a construção civil, que gerou mais de 154 mil empregos nos últimos três meses, se mantém como setor de tração da recuperação econômica.”

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TRANSFORMAÇÃO A ideia da nova gestão é aproveitar o vento a favor e diversificar. Tornar a Gafisa uma plataforma imobiliária, com ativos, serviços e soluções para os clientes. Além de parcerias para oferecer co-living (moradia compartilhada), aluguel de curto prazo, long stay e short stay utilizando os imóveis que estão no estoque. A empresa pretende rentabilizar os ativos via aluguéis, por meio da Gafisa Propriedades. Como essa nova estratégia, a companhia visa adquirir os shoppings Jardim Guadalupe e Fashion Mall, na capital fluminense. Em São Paulo, Andrade confirmou a aquisição do hotel Fasano Itaim e 32 estúdios da Even Construtora e Incorporadora. O valor das operações é de R$ 310 milhões, sendo R$ 280 milhões referentes ao hotel. Tijolo a tijolo, a Gafisa fortalece pilares após gestões marcadas por “descaso, negligência”, afirmou. Cabe a Andrade pilotar na turbulência e colocar a Gafisa de volta a um voo de cruzeiro.

Fonte: Isto É Dinheiro

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