A empresa 5 Marias venceu o desafio Creathon DMLU, que no fim do ano passado, buscou soluções de limpeza urbana em Porto Alegre. Para garantir que resíduos cheguem ao destino certo, surge em Porto Alegre a iniciativa da startup 5 Marias, que vai colocar em contato as partes desse processo: gerador, transportador e destinador. A ideia, explicam as criadoras, é parecida com aplicativos de transporte como o Uber, e vai possibilitar transação comercial de produtos já reciclados, fechando assim o ciclo da economia circular. Startup lançando solução para resíduos que restam na construção.
Como a pandemia de Covid-19 atrasou alguns desses processos, a 5 Marias decidiu lançar o trabalho, “vamos monitorar até que o tele-entulho largue o material na usina de reciclagem”, explica Sônia. A meta é ter plataforma e aplicativo no mercado até setembro.
O ponto de partida foi a partir do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), que ao longo de 2019 identificou 318 focos de descarte irregular de resíduos nas ruas, mais de 80% causados por serviços irregulares de tele-entulho. A limpeza desses pontos custa R$ 1,8 milhão ao mês aos cofres públicos. “Verificamos que em torno de 60% do transporte destes resíduos é irregular. A chance do gerador pagar, mas o transportador não destinar o resíduo adequadamente é grande, e quem trabalha certo sofre com isso”, explica Sônia Cunha Fagundes, engenheira ambiental especialista em construções sustentáveis e integrante da 5 Marias.
Créditos: 5 Marias.
O Creathon, realizado em parceria com o Pacto Alegre e universidades, apontou a demanda e um nicho de mercado, prestando apoio com assessoramento técnico. Como não há contrapartida financeira do poder público, a startup está participando de editais para a captação de recursos técnicos e financeiros para viabilizar o desenvolvimento da plataforma.
Sustentabilidade: como funcionará o serviço
As idealizadoras do projeto: Daniely Votto, Edna Menegaz, Fernanda Sequeira, Márcia Castro e Sônia Fagundes. Créditos: 5 Marias.
Atualmente a empresa atende às solicitações pelo WhatsApp e depois pela página oficial no Facebook. Quem precisa descartar restos de obra (tijolos, telhas e gesso, por exemplo) apresenta sua demanda e recebe orçamentos e orientação de como proceder.
A partir disso, contrata o serviço de transporte (aquelas caçambas de tele-entulho que ficam estacionadas perto de obras), que levará os resíduos até o destinador (uma empresa licenciada pela prefeitura para receber esse material), que é paga por esse serviço. É só então que encerra a responsabilidade de quem gerou o resíduo.
Nessas empresas especializadas acontece a disposição final ambientalmente adequada, prevista em lei: reciclagem daquilo que é possível, gerando um novo produto para a própria construção civil, e encaminhando para o aterro sanitário somente o que não pode mais ser aproveitado.
A plataforma vai atender o direcionamento para resíduos classificados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente como A (como tijolos, azulejos, telhas e concreto) e B (outros recicláveis gerados na obra, como papelão ou plástico), que representam quase a totalidade do que é gerado na construção civil. Existem ainda as classificações C para resíduos sem tecnologia ou aplicação que viabilizem a reciclagem e D para resíduos perigosos. Estes não serão atendidos pela plataforma, mas os geradores terão orientação sobre como proceder.
O perfil que preocupa é o daqueles que, por desconhecimento ou falta de condição para o transporte próprio, deixam restos de obra em qualquer lugar ou contratam transportadores que recebem pelo serviço, mas descartam de forma irregular. Nesses casos, a fiscalização se dá pela identificação dos autores por agentes públicos ou a partir de denúncias. Casos mais graves são encaminhados ao Ministério Público, para que infratores assumam a responsabilidade pelo dano ambiental causado.