Ela ingressou na Ibratin em 1995 como uma jovem promissora. Com apenas 17 anos, a então atleta de handebol trouxe do esporte lições de disciplina, persistência e planejamento, que moldaram sua trajetória no mundo corporativo. Hoje, como executiva da empresa, ela reflete sobre os desafios superados e projeta um futuro ainda mais ambicioso. Na entrevista que segue, Charlene Frasson destaca os resultados recordes alcançados pela empresa e compartilha sua visão de expansão: “Vejo a Ibratin muito maior do que ela é, entregando ao mercado soluções completas que vão além das texturas e tintas”.
Como você define sua carreia na Ibratin?
Fui indicada para ocupar o cargo de uma amiga, que trabalhava como telefonista e estava sendo promovida. Iniciei fazendo atendimento aos representantes comerciais. Eu realizava a triagem, entendia primeiramente o que o representante necessitava para redirecioná-lo ao time do backoffice. Depois de cinco meses passei a ocupar o cargo de assistente comercial, ainda no atendimento, mas já tinha a responsabilidade de receber pedidos e tudo mais. Hoje, analisando com maturidade, não sei se eu enxergava tudo isso como oportunidade. Executava o trabalho porque gostava e era da minha essência, pois tinha grande vontade de aprender, de evoluir mesmo.
De telefonista a diretora comercial, como foi essa transição?
Sempre fui muito competitiva. Joguei handebol durante muitos anos e, num primeiro momento, achei que ia ser esportista (risos). Fui para o esporte justamente para exercer isso, inclusive competi em regionais, por isso treinava muito. Aliás, o esporte trouxe disciplina e estimulou ainda mais esse meu perfil de liderança, além do desejo de evoluir. Tive uma evolução demorada, degrau por degrau, até pela minha falta de maturidade, justamente por ter entrado na companhia ainda adolescente, e o tempo que precisei para ganhar experiência e conhecimento. Mas minha base é sólida. Cursei faculdade, casei, tive filho, fiz pós-graduação — tudo dentro da empresa. Na função de gerente, passei mais de cinco anos, até que assumi a diretoria comercial. Quando recebi essa missão, digamos assim, foi me dado muito mais o título do que realmente o cargo propriamente dito, pois eu já atuava como diretora. Eu praticamente já estava inserida nessa posição.
Quais as responsabilidades como executiva atualmente?
O trabalho de hoje não é muito diferente do que vínhamos construindo. É manter tudo que foi feito, sem esquecer da atualização constante. Precisamos movimentar a equipe recorrentemente para que realizem as mesmas tarefas de maneira diferente. Afinal, o cliente mudou, não é o mesmo de antigamente. O coordenador também mudou a forma de pensar e tomar decisões diferentes. As necessidades do mercado podem até ser as mesmas, mas com um novo olhar. Em muitos momentos, preciso me adaptar às funções para atender às necessidades do time multidisciplinar. Quando visito a operação, por exemplo, minha bagagem de analista ajuda muito, porém com visão de diretora. Porém, o analista de hoje é completamente diferente de 10 ou 15 anos atrás. Hoje, além de estar no mercado e atuar como gestora e representante, o trabalho envolve estratégia e adaptação constante às mudanças. Meu objetivo é fazer com que um time de mais de 50 representantes comerciais, quatro gestores, duas coordenadoras, seis técnicos, equipe de backoffice comercial e a equipe de marketing trabalhem em sinergia. Precisamos respeitar os momentos de cada um e manter a maturidade para saber quando é hora de fazer ajustes. Incentivo meu time a expressar seus sentimentos em momentos difíceis para que possamos trabalhar com transparência. A forma de gerir pessoas e processos mudaram muito, apesar da Ibratin adotar o modelo de hierarquia tradicional, como a maioria das empresas, os novos tempos demonstram que a gestão horizontal é um modelo melhor, pois permite que todos os membros da equipe participem da tomada de decisões.
Como é o planejamento da empresa para atender ao mercado nacional?
Eu não acredito em um planejamento que não tenha uma estrutura muito bem-organizada. O olhar precisa ser de fora para dentro, não o contrário. Na minha vida profissional, sempre gostei de me pautar em dados e números. Ao mesmo tempo, gosto de pegar essas informações e ir a campo entender como tudo funciona na prática, assim como eu fazia no esporte. Era treino constante para em seguida aplicar nos jogos e ver se todo aquele esforço fazia sentido. O mesmo vale para o planejamento: ele precisa sair do papel, ir para campo, ou seja, ser testado. E esse planejamento pautado nas dores do mercado, não é de agora, começou há muitos anos, por exemplo, com a implementação dos gestores regionais aqui em São Paulo e na sede Nordeste. Começamos adotar tudo isso, e eu cuidava da parte estratégica, olhava para o mercado, calculava o número de gestores, custos, investimentos e ROI. Tivemos uma série de mudanças organizacionais, estruturais e processuais para garantir que o planejamento atendesse a todo o país, como ocorre hoje.
Quais são as apostas para os próximos anos?
Praticamente temos um número de representantes comerciais quatro vezes maior que antes, são mais de 80 profissionais. Criamos nosso departamento corporativo para atender a grandes construtoras, e ele se tornou o terceiro maior vendedor da empresa e nos permitiu estar em mercados onde não estávamos antes. No sul do Brasil, por exemplo, antes tínhamos participação zero e hoje de 3%. E o planejamento continua. Quando conseguimos estruturar todas essas ideias, com pensamento até 2026, foi sensacional. Eu acredito também que passar isso para a liderança é importante, pois ela se sente mais segura. Para os próximos cinco anos, estamos apostando muito em tecnologia e aumento da nossa capacidade produtiva, bem como espaço de armazenagem e atendimento ao cliente. A empresa cresceu em número recorde, por isso temos de ajustar a nova demanda e melhorar ainda mais a qualidade das nossas entregas, seja de produtos ou serviços em geral. Vejo a Ibratin muito maior do que ela é, entregando ao mercado soluções completas e que vão além das texturas e tintas. Quando um cliente pensar em construir, na fase de acabamento interno ou externo, se quiser evitar alguma patologia, imediatamente tem de lembrar da Ibratin.
Qual o produto mais vendido na empresa?
A textura rolada, assumindo aí uma faixa de 25% de participação, pois é o produto mais barato também em relação à mão de obra. Hoje temos 114 materiais produzidos no mês. Como falei, não estamos vendendo só o produto, mas soluções para o cliente. Essa textura externa tem uma participação muito grande em função do mercado “Minha Casa, Minha Vida”, voltado para custo mais baixo. Neste caso, é necessário desempenho, garantia e durabilidade. Por isso, ela tem essa participação maior na empresa, e acredito que ainda vá evoluir nos próximos anos. O segundo produto mais vendido são as cristallinis e granellis. Nos últimos quatro anos, ganharam notoriedade e visibilidade por parte dos arquitetos.
Qual mensagem você deixaria para os jovens que estão iniciando sua jornada na Ibratin?
Minha dica para aqueles que estão chegando é inovar, acreditar no próprio potencial e também na evolução da companhia. Sou a favor de meritocracia. Para isso tem de sair da zona de conforto. Quem é do comercial sabe quem tem de ir para o mercado fazer acontecer. Muitas vezes somos camaleões até. Acho que essa é a mensagem.