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Brasil faz pouco uso do BIM

Brasil

Apesar de todos os esforços e iniciativas, a construção civil no Brasil ainda faz pouco uso da tecnologia Building Information Modeling (BIM). Este foi o resultado de uma pesquisa divulgada ontem durante o ConstruSummit em Florianópolis.

O estudo consultou, em parceria com a Grant Thornton e ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), mais de 400 profissionais e empresas da construção civil brasileira em 2022, organizado pelo Sienge.

Entre outras coisas, a consulta constatou que a maioria dos players (59,42%) são classificados nos níveis 0 e 1 de adoção do BIM, nos quais a informação é produzida basicamente com desenhos 2D e 3D e os arquivos de projetos são compartilhados internamente nas companhias. O indicador mostra, sobretudo, que há pouco gerenciamento de informações de forma digital e aberta com terceiros e fornecedores.

Se mais empresas estiverem no nível 2, onde hoje se encontram 21,55% das empresas, o ganho de produtividade do setor aumentaria, e o desperdício nos canteiros caria significativamente, o que geraria impacto no custo ao consumidor final, aponta o Sienge. Na fatia dos que se consideram no nível de plena maturidade do BIM, encontra-se a percentagem inócua de 2,51% das empresas.

A aparente lentidão de adoção da tecnologia está relacionada à qualificação profissional, ou seja, faltam pessoas aptas a trabalhar com ferramentas BIM nas organizações: 58,16% delas afirmaram que apenas alguns funcionários possuem os conhecimentos necessários e 26,57% responderam que não dispõem de pessoas qualificadas para o uso das ferramentas BIM.

Para Ionan Fernandes, diretor na Softplan, o boom de adoção é questão de tempo, já que as empresas possuem interesse na profissionalização de funcionários, e possuem recursos tecnológicos para trabalhar com o BIM. “Esses índices mostram que o conhecimento ainda é pouco difundido. Precisa virar a chave da capacitação. O Brasil já foi apontado como o país com menor nível de maturidade tecnológica na indústria civil em comparação com outras nações, contudo, a pandemia acelerou o processo de digitalização de canteiros de obras nacionais e o BIM é parte desse novo cenário”, diz Fernandes.

Do lado da Softplan e sua plataforma Sienge, o interesse do setor e a demanda oprimida é um campo vasto para ser explorado nos próximos anos. Ao julgar pelas aquisições da empresa, que já passaram da casa dos 200 milhões em 2021, o horizonte positivo para a construção civil é certo. “O setor tem uma grande oportunidade pela frente. No caso da digitalização, está entendendo gradualmente que o gráfico desse investimento é J, onde você gasta no início para implementar, mas economiza muito mais no futuro. É uma questão de fazer as contas e ver o ganho produtivo”, afirma.

Softwares e hardwares 

A capacidade de incluir tecnologias na rotina das empresas foi outra questão abordada na pesquisa, cujos resultados mostram que os softwares para modelagem 3D são os mais utilizados nos projetos, mas, não vai muito, além disso. “A indústria da construção no Brasil ainda atua de forma muito analógica, dificultando o impulsionamento do setor”, argumenta Guilherme Quandt, diretor de Marketing e Estratégia do Sienge.

No componente hardware, a grande maioria das organizações (63,6%) declara que está preparada com os equipamentos necessários à utilização de softwares BIM.

Quase 20% afirmam que a organização possui poucos ou nenhum equipamento adequado e 9,4% dos entrevistados dizem não ter equipamentos com configurações de hardwares apropriadas, mas que há perspectiva de implementação em até 1 ano, enquanto 7,53% indicam não possuir equipamentos adequados, mas que há perspectiva de implementação de 1 a 3 anos.

Fonte: Exame 

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