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Na crise, fundos veem saída de investidores, mas longe de ser uma sangria

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Mesmo naquelas carteiras com maior decréscimo de cotistas, o saque por investidores é bastante contido.

A velocidade da queda dos ativos financeiros em meio à pandemia de covid-19 colocou à prova o investidor brasileiro que tem migrado para aplicações de maior risco, como fundos de ações e multimercados. Com uma série de “circuit breakers” na bolsa e desvalorização até da renda fixa, o movimento nas carteiras mais voláteis é visto como surpreendente — houve saída de cotistas, mas não foi uma sangria.

Mesmo naqueles com maior decréscimo de cotistas, o saque por investidor é bastante contido, nota Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economática, que fez o levantamento entre os fundos que mais perderam e ganharam cotistas, a partir de carteiras com mais de 1 mil investidores. “Os números mostram aparentemente uma certa racionalidade do investidor no meio da crise”, diz, lembrando que o primeiro trimestre foi o pior da história para a bolsa. O recorte vai de 21 de fevereiro, pré-Carnaval, até 23 de abril.

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Os bancos, que concentram os maiores patrimônios, naturalmente, têm uma redução em volumes relativamente maior. Créditos: Divulgação.

O fundo de ações da Moat Capital, por exemplo, viu encolher em mais de 15 mil a sua base, mas o resgate por investidor limita-se a R$ 11 mil. O Equitas diminuiu em 7,8 mil, seguido por carteiras de ações e multimercados da Caixa e do Itaú. Os dois fundos mistos da Caixa, com resgates de R$ 1,6 bilhão e R$ 831 milhões, e o Kinea Chronos, com R$ 712 milhões, puxam a fila.

O Chronos estava, porém, fechado para novos aportes até esta semana, diz Marcio Verri, executivo-chefe da Kinea. Sem receber dinheiro novo, há intervalos em que só perde recursos, houve algum efeito da crise, mas foi dentro do esperado. Ele cita que em cinco dias de reabertura, o líquido no ano já passou a ser positivo.

No Equitas Selection, ocorreu algo semelhante porque o fundo estava fechado para aplicações na plataforma da XP, a maior de varejo. Segundo o sócio-gestor Luis Felipe Amaral, no fim da semana a carteira vai reabrir. “A partir dessa abertura, começa a entrar pessoas físicas novamente, que é o público que traz número de cotistas grande em tíquetes médios e pequenos. Nesse período, a casa focou na captação de institucionais. São poucos investidores, mas com volumes relevantes de aporte (R$ 350 mil).

“Pelo que a gente observou da volatilidade, até que os resgates foram relativamente baixos”, diz Adriano Leite, sócio da Moat Capital. Ele afirma que o público vindo das plataformas de varejo saiu mais intensamente no auge do estresse e depois os pedidos de saques diminuíram. Entre alocadores, as saídas estiveram associadas a necessidades de liquidez de algumas famílias ou à redução de investidores que estavam muito expostos ao risco bolsa.

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Créditos: Divulgação.

Paulo Bokel, responsável pela área de distribuição da ARX Investimentos, acha que o rumo à diversificação terá continuidade, e que a crise tem um efeito educativo para o investidor saber que nível de risco consegue correr. É o tipo de autoconhecimento que é muito mais concreto do que uma análise de perfil. “Na hora que você vê que só sobe, não consegue se colocar na posição. Muita gente tomou mais risco do que achava que aguentava”, afirma Bokel. “ Mas no fim do dia, a gente acaba melhorando o próprio passivo.”

Fonte: Site Valor Invest

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