Companhias exportadoras e empresas indicam ações mais consolidadas, capazes de enfrentar a crise do coronavírus sem grandes estresses estão entre as prioridades dos analistas.
A Carteira Valor reúne as 10 ações mais indicadas pelas corretoras participantes. Ao todo, são 18 corretoras que escolhem, mensalmente, cinco papéis que elas acreditam que vão se valorizar naquele mês.
No mês de maio, a Carteira Valor apresentou uma releitura parecida das indicações feitas em abril. Das 10 ações selecionadas, apenas duas são novidade. E ambas vêm do setor varejistas: Via Varejo, indicada por quatro corretoras e Pão de Açúcar, apontada por três casas. Além delas, Magazine Luiza, do mesmo segmento, continua na lista.
Atualmente, compõem a Carteira Valor as corretoras Ativa, Ágora, Banco do Brasil, CM Capital, Elite, Genial, Guide, Mirae, Modalmais, MyCap, Necton, Nova Futura, Planner, Santander, Socopa, Safra, Terra e XP Investimentos.
Segundo analistas, a seleção foi baseada em empresas já consolidadas em seus ramos, que apresentariam mais resiliência para passar por períodos turbulentos na bolsa. Para as corretoras, setores que tendem a perder menos com as medidas de isolamento impostas para conter o coronavírus também ganham força, como é o caso do financeiro. As casas também optaram por empresas exportadoras, que tendem a se beneficiar da depreciação do real.
A liderança, por exemplo, ficou com a mineradora Vale, apontada por oito casas. Além dela, outra exportadora de commodities que segue na lista é a Petrobras, indicada três vezes. O setor financeiro continua bem forte, com os três representantes que também apareceram no mês passado: Bradesco e B3, com cinco indicações cada um, e Banco do Brasil, apontado quatro vezes. A empresa de engenharia WEG também segue na lista, com três indicações, assim como o frigorífico JBS, indicado por seis corretoras.
Confira as dez ações mais indicadas:
Para Nicolas Takeo, analista da Socopa, a demanda por minério de ferro deve continuar forte, especialmente na China, onde a produção de aço segue firme. Ele ainda afirma que algumas medidas de governança adotadas pela companhia podem se refletir nas ações.
Créditos: Divulgação.
Embora as medidas de isolamento impactem diretamente o Magazine Luiza, Alexandre Marques Filho, da Elite Investimentos, acredita que a companhia é a mais preparada para enfrentar a crise. A principal razão é a boa qualidade do seu e-commerce, que vem reportando um “alto crescimento nos últimos anos”. Outro fator importante é a robustez do caixa da empresa e as medidas para mantê-lo saudável.
Para Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, os efeitos da crise do coronavírus devem se abater sobre o setor de proteínas, mas a JBS tende a ser menos impactada, o que justifica a escolha dela. O analista também destacou também que a depreciação cambial favorece a JBS, já que ela é exportadora e, portanto, tem muitas receitas em dólar.
Para Nicolas Takeo, analista da Socopa, o Bradesco é um dos bancos mais bem preparados para se beneficiar de uma recuperação econômica.
Ele afirma que o capital da empresa é saudável e que a inadimplência e a cobertura de juros estão “em níveis adequados”.
B3 ON (B3SA3)
Para Alexandre Marques Filho, da Elite Investimentos, a B3 apresentou resultados sólidos e expansão em suas margens no primeiro trimestre deste ano. Embora a perspectiva de que muitas empresas estreassem na bolsa esse ano tenha sido frustrada pela crise trazida pelo coronavírus, o analista afirma que essa interrupção pode ser compensada, em partes, pelo maior volume diário no mercado à vista. Ou seja, com o mercado mais volátil e mais investidores operando ao longo do dia, a B3 tende a continuar ganhando.
Banco do Brasil ON (BBAS3)
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Para Alexandre Marques Filho, da Elite, a crise do coronavírus pode ter trazido uma “oportunidade de entrada” nas ações do Banco do Brasil. Isso porque elas ficaram mais baratas do que o que realmente valem. Portanto, têm perspectiva de alta. Segundo o analista, o banco teve um bom desempenho no último trimestre, com expansão da margem financeira e de receitas de serviços, o que indica “maior atuação no varejo e, principalmente, na redução da dependência de grandes empresas”.
Para Luis Sales, da Guide, as medidas da varejista para reestruturar as lojas e estabilizar sua plataforma digital foram importantes para mantê-la forte no setor. “Ambas as medidas acabaram por beneficiar a companhia, principalmente na Black Friday. Para 2020, os focos principais eram continuar o investimento na área digital e abertura de 70 a 90 lojas”, afirma.
Ele destaca que durante o período de quarentena, a empresa optou por fechar as lojas de todo o Brasil, e as vendas on-line, que antes representavam 30% do total do faturamento, agora são cerca de 65%.
Para Pedro Galdi, da Mirae, a Petrobras vem reportando balanços positivos. Ele destacou, por exemplo, que a empresa vinha registrando aumento nas receitas com exportações de óleo e óleo combustível e também redução de custos, estratégia que faz parte da companhia desde a gestão de Pedro Parente.
Ele afirma, no entanto, que o segundo trimestre de 2020 será desafiador devido aos impactos do coronavírus na industrial global de petróleo, “com queda de demanda e corte global na produção de petróleo”.
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Para Luis Sales, analista da Guide, a empresa possui como principais destaques sua expansão contínua no cenário externo, por meio de acordos locais ou fusões e aquisições e seu aumento contínuo de presença no mercado. Para ele, com a retomada da economia brasileira, a Weg acaba sendo a empresa melhor posicionada como fornecedora no segmento de geração, transmissão e distribuição de energia.
A companhia ainda tem a seu favor a alta do dólar, uma vez que parte de suas receitas vêm em moeda estrangeira. “A empresa tem mostrado boa performance dentro do setor industrial nos últimos anos. Sua receita tem sido beneficiada pela depreciação do real, que segue crescendo como reflexo do cenário externo frente ao coronavírus, pela recuperação da demanda industrial e pelo crescimento do mercado”, afirma.
Para Takeo, da Socopa, os impactos decorrentes do isolamento do coronavírus devem pressionar as ações do Pão de Açúcar no curto prazo, mas há espaço para ganhos, tendo em vista que os papéis estão muito descontados.
Para ele, o mercado ainda vai colocar nos preços das ações a compra dos papéis do Grupo Éxito, da Colômbia. Isso significa que essa aquisição fará com que as ações se valorizem ainda mais, o que ainda não aconteceu. “Vemos o papel negociando em torno de R$ 67 por ação contra um preço-justo de R$ 100”, afirma.
Fonte: Site Valor Econômico.