Mercado

Projeções para o mercado construtivo 2024

O mercado da construção está em constante evolução, e em 2024 não deverá ser diferente. Após um período de desaceleração em 2023, as previsões para este ano sugerem um panorama desafiador, mas com boas oportunidades.

Retrospectiva 2023

Impactado pelos juros altos, escassez de estoque e mão-de-obra, elevados custos de materiais e fim do ciclo de reformas residenciais feitas no período da pandemia, o mercado construtivo terminou em baixa em 2023. Com um resultado negativo de 0,5% e uma queda no PIB da construção de 3,8% no terceiro trimestre – pior resultado desde 2020 – o setor teve sua queda amenizada pelo segmento de infraestrutura, que registrou leve crescimento impulsionado pelo novo marco legal do saneamento básico.

O financiamento da construção também enfrentou desafios no último ano. A poupança, tradicional reserva das famílias brasileiras para compra de imóveis, registrava até agosto de 2023 saldo anual negativo de R$ 80,3 bi, afetada pela inflação elevada e endividamento das famílias.

Apesar desse cenário, o setor ainda conseguiu criar 254 mil novas vagas nos primeiros dez meses do ano, marcando um aumento de quase 30% na contratação de profissionais. São Paulo destacou-se como líder na geração de empregos no setor.

Previsões para 2024

Iniciando o ano, a incerteza dos últimos dias sobre a desoneração da folha de pagamentos é um ponto de atenção. Após a derrubada pelo Congresso do veto presidencial, estendendo o incentivo até 2027, o poder executivo tenta revisar o subsídio por meio de uma MP. O contexto de insegurança gerado pela medida poderá provocar, neste primeiro momento, uma queda no número de contratações e elevação nos preços dos imóveis até que a questão esteja consumada.

Mas nem tudo em 2024 são desafios. Indicadores chave, como a queda da Taxa Selic, apontam para um ambiente mais favorável. A redução atual desta taxa para 11,75% ao ano, e projeções para atingir 9,25% até o fim de 2024, cria um cenário mais propício para financiamentos imobiliários e estimular o mercado. A CBIC projeta um crescimento de 1,3%, baseando-se nessa expectativa e em um novo ciclo de lançamentos imobiliários.

Se por um lado a poupança deixou de ser a principal fonte para compra de novos imóveis, o financiamento com recursos do FGTS foi uma tendência em 2023 que deverá prosseguir neste ano.

O mercado sempre se destacou como um setor em constante mutação. Impulsionado por uma variedade de fatores econômicos e sociais, em 2024 o sucesso virá da capacidade de entender essas tendências, estando sempre um passo à frente nas estratégias de mercado:

 

  1. Digitalização: não se pode ignorar o papel transformador da digitalização no setor. Ferramentas como BIM e inteligência artificial vêm demonstrando a sua eficiência em possibilitar gestões mais ágeis e decisões baseadas em dados mais assertivos. O emprego de ferramentas como estas deverão fazer a diferença no desempenho e redução de custos das empresas.
  2. CX: O consumidor moderno do mercado imobiliário está mais informado e exigente do que nunca. Essa nova realidade obriga os profissionais do setor a se adaptarem, oferecendo soluções que atendam às necessidades específicas dos clientes. Investir em experiência do cliente e acompanhamento da jornada, poderá ser um fator decisivo para o aumento de vendas;
  3. Sustentabilidade: Impulsionadas pela tendência mundial ESG, e a recente aprovação e regulamentação do mercado de crédito de carbono, construtoras e incorporadoras poderão enxergar um panorama mais promissor para o investimento em edificações com certificações verdes, e projetos de geração de energia que tragam diferencial mercadológico e retorno de investimentos com a comercialização de créditos de carbono; 
  4. Retrofit: a tendência de modernização e readequação de imóveis construídos é algo que estará em alta em 2024. Em São Paulo, a prefeitura divulgou no fim do ano passado a destinação de R$ 1 bi, de fundo perdido, para financiar até 25% do orçamento de obras de retrofit em edifícios localizados na zona central da cidade. A medida faz parte do programa municipal Requalifica Centro, que já conta com outras iniciativas de incentivo para a readequação e reforma de imóveis antigos nos bairros centrais da capital.

 

Com base nestas projeções e mudanças, 2024 se anuncia como um ano repleto de oportunidades e crescimento para o mercado da construção. É essencial que os profissionais do setor estejam preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgirão neste cenário dinâmico e em constante evolução.

Fonte: Thierry Salles Alvarez, Gerente de Mercado e Marketing – HM Engenharia | Blog Kenlo

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