Ausência de projetos, não observância de normas, gambiarras, falta de qualificação do profissional eletricista e uso inadequado de EPI. Estas são algumas das principais causas dos acidentes provocados por choques elétricos nas obras, conforme aponta o Serviço Social da Construção Civil de São Paulo (Seconci-SP).
Por ocasião da campanha Abril Verde, o gerente de segurança ocupacional e o consultor de Segurança do Trabalho da entidade. José Bassili e Gianfranco Pampalon, destacam que os acidentes graves e fatais provocados por choques elétricos são os terceiros mais frequentes na construção civil. Correspondem a 20% dos acidentes nas obras, atrás daqueles causados por quedas de trabalhadores (28%) e quedas de materiais (24%).
“Além de ocasionar grave dano físico ou fatal ao trabalhador, esses acidentes custam caro às construtoras. Ademais dos prejuízos com as reparações trabalhistas, afetam os equipamentos elétricos, comprometendo o andamento da obra. A falta de projeto, por exemplo, pode levar a superaquecimento dos condutores, incêndios, sobrecarga e maior consumo de energia elétrica. Tudo isso aumenta ainda mais o prejuízo financeiro”, afirmam.
Principais recomendações
Profissionais devem ter formação de eletricistas e curso de segurança de no mínimo 40 horas. No curso de segurança, o eletricista também aprende sobre primeiros socorros, capacitando-o a realizar ressuscitação cardiopulmonar e salvar vidas. Trabalhadores como os famosos “pedrecistas”, pedreiros que atuam sem formação como eletricistas , trazem grande risco. A cada dois anos, os eletricistas precisam fazer um treinamento de reciclagem.
Instalações elétricas temporárias nas obras requerem projetos bem executados. Temporárias não significa que essas instalações devam ser precárias.
Projetos superficiais ou simplesmente ausentes são um problema. Projetos e instalações devem ser elaborados de acordo com as normas técnicas e adequados para ambientes úmidos ou molhados, sem gambiarras. Detalhes como aterramento elétrico bem executado, conforme normas técnicas vigentes precisam ser bem cuidados.
EPIs corretos devem ser utilizados adequadamente. As luva isoladoras utilizas devem ser condizentes com a voltagem da instalação. É preciso fazer ensaios anuais desses equipamentos, para a aferição de sua qualidade.
Materiais elétricos devem ser adquiridos de fornecedores de marcas idôneas. Precisam atender as especificações das normas e ter qualidades industriais, como, por exemplo, cabos com duplo isolamento. Atenção para produtos baratos, porém não conformes, e nada de usar fio de abajur!
Empresas terceirizadas precisam ser avaliadas antes da contratação. Exija delas o PGR (Plano de Gerenciamento de Riscos), o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) e os ASOs (Atestados de Saúde Ocupacional), comprovando a aptidão dos trabalhadores para aquele serviço e também para trabalho em altura. Cheque as informações prestadas, precavendo-se de documentações falsas.
Manutenção periódica das instalações temporárias deve ser realizada para prevenir falhas que levem a choques. Deve-se verificar se os cabos estão devidamente protegidos contra impactos mecânicos e que não obstruam a movimentação de pessoas, equipamentos e materiais no canteiro.
Por fim, obras precisam ter uma sinalização adequada, alertando e identificando pontos de perigo de choque.
“Seguir a Normas Regulamentadoras e as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) já é um passo muito grande na prevenção de choques nas obras”, concluem os especialistas.
Fonte: Seconci-SP