A Construção Civil continua com excelentes perspectivas para o ano, mas alguns gargalos tem sido pontuados pelo setor desde o 2º semestre do ano passado.
A falta de material para o setor vem sendo apontada como um desses desafios. Com a paralisação por conta da pandemia de diversas indústrias e problemas com a importação de matérias primas, houve um aumento no custo da construção.
O Sinapi (Sistema Nacional de Preços e Índices para a Construção Civil), divulgado no começo do mês pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ganhou ritmo e marcou 1,94% em dezembro, contra 1,82% em novembro.
Com o resultado, o índice fechou o ano de 2020 com alta de 10,16%, acumulada ao longo de janeiro e dezembro do ano passado. De acordo com o IBGE, essa foi a maior taxa da série com desoneração desde 2013. Em dezembro de 2019, o resultado para o INCC/Sinapi foi de 0,22%.
Segundo o IBGE, as estatísticas do SINAPI são fundamentais na programação de investimentos, sobretudo para o setor público. Os preços e custos auxiliam na elaboração, análise e avaliação de orçamentos, enquanto os índices possibilitam a atualização dos valores das despesas nos contratos e orçamentos.
De acordo com o Sinapi, o custo nacional para o setor habitacional da construção civil por metro quadrado passou para R$ 1.276,40 em dezembro, sendo R$ 710,33 relativos aos materiais e R$ 566,07 à mão de obra. Em novembro, o custo havia sido de R$ 1.252,10.
A série foi muito impactada, a partir de julho, pelas altas sequenciais das parcelas dos materiais”, explica o gerente da pesquisa, Augusto Oliveira. “Em agosto, percebemos que a parcela dos materiais se descolou da outra parcela que compõe o índice, que é a da mão de obra, exercendo uma influência muito grande sobre o agregado”, acrescenta.
Segundo Oliveira, a pandemia do novo coronavírus explica, em parte, o aumento no preço de materiais, mas as razões, para ele, são diversas.
“Pequenas obras, feitas em casa, aqueceram o mercado durante a pandemia e esta demanda interferiu na oferta de materiais. Indústrias foram afetadas com limitação de pessoal ou de oferta de matéria prima. Várias situações de mercado, em um período atípico, levaram a um quadro de aceleração dos preços no segmento de materiais e insumos da construção civil, em especial aço, cimento e condutores elétricos, dentre outros”, completa.
Já a CNI divulgou nesta semana a Sondagem Indústria da Construção e demonstra que o problema havia se tornado a principal pedra no sapato do setor no momento de recuperação econômica, no trimestre anterior, quando a falta de insumos atingia pouco mais de uma a cada três indústrias. Atualmente, uma a cada duas empresas da construção são afetadas. No terceiro trimestre, o número era de pouco mais de uma a cada três.
“A construção espera maior crescimento para compra de insumos, atividade e emprego nos próximos seis meses. A confiança dos empresários da construção, por outro lado, caiu, refletindo maior pessimismo com relação ao estado atual da economia brasileira”, explica o gerente de Análise Econômica, Marcelo Azevedo.
Esperamos que notícias como o início da vacinação em massa da população e a retomada da economia por parte da China, regulando a entrega de matéria prima, traga a normalidade esperada por todos.