Muito além de projetos com estruturas complexas, o design computacional é hoje fundamental na indústria da construção. Apesar disso, a referida tecnologia não substitui a subjetividade do profissional, segundo defende o mestre em engenharia civil e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Campinas (Unicamp), André Luís de Araujo.
Fundador e coordenador do Laboratório de Modelagem Baseada em Informação, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), André se dedica a desenvolver pesquisas nas áreas de BIM e simulação computacional.
Para Araujo, os benefícios do design computacional são notáveis em duas áreas: no processo criativo e na documentação do projeto. Ele destaca a importância dos softwares na simulação ambiental para alcançar certificações de sustentabilidade, como o LEED, e na criação de modelos BIM que permitem não apenas a documentação da construção, mas também o gerenciamento ao longo do ciclo de vida do empreendimento.
Simulação de fluxos de ventilação em ambientes (Projeto Nº. APQ-01926-17)
Autora: Mariana Bittar. | Créditos: Habitability
Quando questionado sobre a influência da tecnologia na formação do arquiteto atual, Araujo observa uma mudança na ênfase: os estudantes são proficientes em softwares, mas podem ter dificuldades com a criatividade manual necessária nos estágios iniciais do projeto. Ele destaca a importância de equilibrar habilidades técnicas com a capacidade de conceber arquitetura de forma criativa e intencional.
O especialista também discute os limites do trabalho realizado nos softwares, enfatizando a necessidade de considerar variáveis físicas e construtivas. Ele acredita que a integração de informações dentro de plataformas BIM pode contribuir para uma arquitetura mais durável, facilitando a gestão e manutenção ao longo do ciclo de vida dos edifícios.
Olhando para o futuro da arquitetura em relação à tecnologia, o entrevistado prevê uma mudança radical nas interfaces utilizadas, especialmente com o avanço da realidade aumentada e virtual.
Por isso, ele acredita que a próxima evolução será a integração dessas tecnologias de forma mais direta e prática nos processos de projeto e construção.
Simulação em Realidade Aumentada para assentamento de alvenaria. (Projeto Nº. APQ-01926-17)
Autor: João Pedro Caixeta | Créditos: Habitability
A capacidade de usar óculos de realidade aumentada com poder de processamento suficiente para transmitir informações de projeto diretamente para o local da obra poderia revolucionar a maneira como os arquitetos e construtores colaboram e interagem com seus projetos.
Isso reduziria a lacuna entre o trabalho concebido nos escritórios e sua realização física, tornando os processos de comunicação mais eficientes e precisos.
Por fim, Araujo vê um potencial significativo na continuidade do uso de modelos de informação da construção (BIM) não apenas durante a fase de projeto, mas ao longo do ciclo de vida dos edifícios.
Pensando nisso, traz o exemplo de um projeto de pesquisa em colaboração com a engenharia elétrica, financiado pela Eletrobrás, que explora o uso de BIM para gerenciar subestações de energia. Ao integrar modelos 3D com informações detalhadas sobre ativos e manutenção, os arquitetos e engenheiros podem melhorar a eficiência operacional e de manutenção dos edifícios.
A referida abordagem não só aumenta a perenidade da arquitetura, garantindo uma gestão mais eficaz e transparente das construções, mas também demonstra como a tecnologia pode contribuir significativamente para a sustentabilidade e o desempenho de longo prazo dos espaços construídos.
Fonte: Paula Maria Prado | Habitability
É incrivel ver como a arquitetura tem evoluido nos últimos anos e os projetos tem se tornado cada vez mais únicos e exclusivos.