O mercado imobiliário de luxo e alto luxo no Brasil continua em franca expansão. Contrariando os prognósticos negativos face à conjuntura de desaceleração econômica, o ano de 2022 favoreceu a incorporação imobiliária de alta renda, que, inclusive, foi a principal responsável pelo resultado positivo da indústria da construção civil como um todo.
Consenso entre empresários e especialistas do setor, a análise é corroborada por pesquisas recentes, como o levantamento da consultoria Brain — Inteligência Estratégica e o indicador Abrainc-Fipe.
Os imóveis de luxo e alto luxo acumularam aumento de 14 ,8% nas vendas de janeiro a junho, segundo pesquisa da Brain, na comparação com o primeiro semestre do ano passado (5.693 e 4.960, respectivamente).
O VGV do segmento foi 13,2% maior no período, chegando a R$ 16,753 bilhões (em 2021, foi de R$ 14,801 bilhões). Já as vendas de unidades de médio e alto padrão (MAP) tiveram alta 87, 4% de janeiro a agosto, segundo o indicador Abrainc-Fipe. Foram 30.441 imóveis comercializados.
“Os indicadores refletem gradual melhoria no ambiente econômico, com queda no desemprego, arrefecimento dos custos da construção e aumento da renda das famílias”, avalia o presidente da Abrainc, Luiz França, destacando o papel de protagonista do setor no processo de redução do desemprego e crescimento econômico.
Ele chama a atenção ainda para o fato de os custos da construção, um grande entrave para o setor, terem arrefecido ao longo do ano: o INCC caiu de 14% em janeiro para 9% em novembro.
Para Pedro Paulo Marolla, diretor financeiro da SKR Arquitetura Viva, o ano “foi extremamente desafiador”, marcado por incertezas políticas e econômicas. Ainda assim, os projetos lançados pela incorporadora somaram VGV de R$ 600 milhões.
“O resultado das vendas foi expressivo e superou nossos indicadores de desempenho”, afirma. O Casa Ibirapuera, fruto de parceria da Cyrela com a SKR, lançado em junho, é um exemplo: teve 100% das unidades das duas torres residenciais vendidas em apenas três meses.
O clima é de otimismo na incorporadora. Marolla adianta que no segundo semestre de 2023 serão lançados empreendimentos em bairros nobres da capital paulista, como Jardins e Pinheiros, com VGV de R$ 700 milhões.
“Os principais fundamentos do mercado indicam um aquecimento do setor, pois a demanda por moradias continua elevada. E a expectativa é de redução da taxa básica de juros a partir de 2023, o que é um estímulo importante para novas aquisições”, avalia.
Na MPD Engenharia, a avaliação do desempenho do mercado em 2022 também é positiva. “Foi um ano de conquistas”, resume o presidente, Milton Meyer, destacando que a incorporadora do grupo lançou quatro empreendimentos no período e que um deles teve 100% das unidades vendidas em apenas uma semana.
A construtora entregou 757.084 metros quadrados de áreas construídas, além de manter 24 canteiros de obras ativos, contabiliza Meyer. “O ambiente é favorável ao fortalecimento do mercado no ano que vem. A construtora vai lançar novos empreendimentos em Alphaville e em áreas nobres da capital, iniciar novas obras e fazer entregas”, conclui.
Na expectativa de o governo eleito fazer uma sinalização positiva de disciplina fiscal, um ponto sensível para o mercado imobiliário, a empresária Carolina Burg Terpins, sócia fundadora e CEO da JFL Living, comemora os resultados de 2022.
“Foi um ano de muitas entregas. Novos edifícios entraram em operação, e houve uma retomada forte do mercado de locação residencial com o final da pandemia e o retorno das pessoas aos centros financeiros”, observa.
Fonte: Valor