Um encontro online acontece dentro da 1ª edição do Matéria-Prima(madeira).
Apesar de ser usada na construção civil, na arquitetura e no design há milhares de anos, a madeira pode ser muito bem considerada a matéria-prima do futuro, porque é um produto renovável e cujo processo produtivo, em relação a outros materiais, como o aço e o concreto, exige pouco consumo de energia. Numa lista de materiais de baixo impacto, a madeira seria a primeira, mas o que vemos ainda é o inverso.
Para superar alguns desafios técnicos, mas, principalmente, os culturais que ainda limitam o uso da madeira, é preciso criar, primeiro, uma cultura de aceitação. E é justamente por isso que ela é o tema da 1ª edição do Matéria-Prima, um ciclo de encontros que vai discutir um elemento primordial de cada vez. Este ano, o evento acontece até dia 27 de agosto e reúne designers, arquitetos, acadêmicos, artistas, artesãos, formadores de opinião e ONGS especializadas.
Aline Tristão Bernardes, diretora executiva do escritório nacional do FSC, que há mais de vinte e cinco anos promove o manejo florestal ao redor do mundo, participará de um encontro no dia 20 de agosto, às 17 horas. Ao seu lado estarão Jeanicolau Lacerda, Assessor da Precious Woods Holding, uma empresa de grande porte, no coração da Amazônia, de produção industrial e certificada há mais de 20 anos; o engenheiro florestal Ângelo Ricardo Sousa, responsável técnico pela certificação florestal da Coomflona, uma cooperativa extrativista da Flona do Tapajós, no Pará; e Beto Mesquita, diretor de Políticas e Relações Institucionais da Bolsa de Valores Ambientais BVRio.
“A madeira é uma matéria prima maravilhosa e mesmo aquelas de espécies nativas podem ser encontradas no mercado com origem confiável, fruto de manejo florestal responsável e certificado”, diz Aline. “Não é preciso ter medo, mas é preciso ter informação e repassa-la para o consumidor final para que ele também possa fazer suas escolhas de forma consciente”, completa. Aline ainda reforça a importância de se diversificar as espécies usadas nos projetos. “Hoje, a demanda está muito focada em poucas espécies, menos de 10”, diz. “E há na floresta uma diversidade enorme de texturas, cores e durezas. Com mais opções, teremos arquiteturas mais ricas e espécies menos pressionadas”, finaliza.
Na Europa, a maioria das construções já é feita com madeira e o mesmo acontece nos Estados Unidos. Hoje, se o objetivo é reduzir as emissões de gases do efeito estufa, a recomendação é usar mais madeira. O Brasil pode ter uma produção e um mercado consumidor enormes. E com a demanda maior, a madeira poderia tornar-se mais barata e seria a opção com mais tecnologia e com melhor custo benefício. Presente em quase todas as etapas das obras de construção civil, a madeira ainda aparece como diferencial de beleza e sofisticação na decoração. E para aqueles que ainda têm receio em usá-la por temer sua resistência, saibam que a madeira queima devagar, e durante a primeira hora de um incêndio, só a sua camada superficial estará em chamas e a brasa atuará como isolante térmico, mantendo a temperatura do miolo baixa. Com o concreto e o aço, quando a temperatura chega a um certo nível, há o colapso instantâneo de toda a estrutura. Fica a dica.
Para se inscrever, basta acessar o link: http://www.ciclomateriaprima.com.br/inscricao
Sobre o FSC
É uma organização independente, não governamental, sem fins lucrativos, que promove o manejo florestal responsável ao redor do mundo desde 1994. Com sede na Alemanha, está presente em mais de 80 países. O FSC é o sistema de certificação florestal de maior credibilidade internacional e o único que incorpora, de forma igualitária, os interesses de grupos sociais, ambientais e econômicos.