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Eucalipto jovem tem potencial para a construção civil

Uma pesquisa da Escola Superior de Agricultura da USP em parceria com a Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, analisou o uso da madeira de eucalipto jovem, de sete anos, em elementos estruturais engenheirados, como vigas e pilares. O estudo apresenta um caráter inovador ao propor o uso estrutural desta madeira de curto ciclo, considerada de baixa resistência devido a sua morfologia e geometria não linear.

Segundo o autor da pesquisa e engenheiro florestal, Bruno Balboni, com as técnicas adequadas, os nós e o empenamento característicos do eucalipto jovem, podem ser praticamente eliminados, elevando as suas propriedades mecânicas. “A madeira de eucalipto jovem pode ser bastante resistente e, às vezes, até superior à madeira de Pinus, que hoje é a mais utilizada no Brasil para produtos estruturais, mas que leva cerca de 20 anos para atingir a idade de colheita.”

Atualmente, o Brasil é o maior produtor do mundo de eucalipto proveniente de florestas renováveis, sendo, porém, utilizado majoritariamente na produção de papel de celulose, bioenergia e painéis reconstituídos. 

Buscando viabilizar o uso no setor construtivo, Balboni produziu elementos estruturais em MLC (Madeira Lamelada Colada) com seis variedades de eucalipto clonais cultivados no país. O pesquisador afirma que dos seis clones avaliados, dois se destacaram resultando em vigas com boa adesão à colagem – otimizada por meio do posicionamento adequado das lamelas -, e com empenamentos dentro dos limites aceitáveis, que acabaram favorecendo a resistência das peças, ao elevarem as tensões internas nas vigas.

“Isso permitiu o uso, inclusive, de madeira que seria classificada como resíduo pelos seus altos índices de encurvamento, para a fabricação de produtos de alto valor agregado”, relatou o engenheiro florestal.

Eucalipto jovem tem potencial para a construção civil

Protótipos das vigas em MLC produzidos para a pesquisa – Foto: Bruno Balboni

A pesquisa de Bruno Balboni resultou na tese “Investigando o uso de madeira contendo defeitos de plantações jovens de eucalipto para a fabricação de produtos de engenharia”, que foi agraciada com menção honrosa do Prêmio Teses Destaque USP em 2023, na grande área “Sustentabilidade”.

Orientador do trabalho acadêmico, o professor José Nivaldo Garcia, destacou que as principais vantagens do uso do eucalipto jovem para produtos engenheirados é o seu crescimento rápido e sua alta adaptabilidade às diversas condições climáticas, possibilitando que o plantio possa ser feito próximo ao mercado consumidor. 

Ao desbloquear o potencial deste recurso, o Brasil passará a ter uma fonte sustentável de madeira e com custo reduzido, contribuindo com uma construção civil de menor impacto ambiental e diminuição da pressão na floresta amazônica por madeira, além de promover a geração de empregos na indústria e o incremento de renda dos produtores rurais.

Perguntado sobre os problemas de degradação ambiental associados à plantação do eucalipto, como empobrecimento do solo e excessiva absorção da água do solo, Balboni diz que as técnicas de cultivo atuais buscam reduzir qualquer possível impacto ambiental, e a forma de lidar com essas questões são do cotidiano do curso de Engenharia Florestal. Ele enfatiza que os eucaliptos são muito eficientes na absorção de gás carbônico (CO2) e, assim, contribuem para a redução do efeito estufa.

Fonte: Ivanir Ferreira | Jornal USP

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