Mercado

Escassez de mão de obra qualificada afeta setor construtivo

Uma enquete realizada em maio deste ano pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção com 800 empresas, indicou que 7 em cada 10 construtoras vêm sofrendo dificuldade em contratar profissionais qualificados. A referida pesquisa acendeu uma preocupação frente ao risco de um apagão de mão de obra já nos próximos dois anos.

Em uma realidade de retomada de obras paralisadas, o setor que em 2010 dispunha de 3,2 milhões de empregados diretos, apresenta uma queda de 15,62% no número de contratados, contando, atualmente, com 2,7 milhões de trabalhadores em um momento de aquecimento do mercado nacional.

Consonante aos dados apresentados, um levantamento do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de São Paulo, Sintracon-SP, apontou que seriam necessários mais 30 mil postos de trabalho para atender a atual demanda do setor.

Tendo ganhado força na pandemia, quando muitos profissionais da construção decidiram se aposentar ou trocar de ramo de atuação, a redução no número de trabalhadores tem dificultado uma expansão mais acentuada do setor, que tem grande potencial de crescimento.

Segundo o Presidente da CBIC, Renato Correia, a organização tem se mobilizado no sentido de propor soluções para o problema: “Estamos também preparando uma comissão para entender na profundidade quais são as causas e como podemos resolver. Pelos resultados das pesquisas, não estamos conseguindo suprir as necessidades atuais”.

Em outubro, a instituição se reuniu com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, para defender uma parceria entre o poder público e a iniciativa privada para garantir a formação e a qualificação de novos profissionais em todos os níveis funcionais (desde ajudantes de obras, até engenheiros).

Buscando mitigar a situação, Sindicatos da indústria e dos trabalhadores têm buscado parcerias com Senai e Sebrae para cursos gratuitos de capacitação. Em São Paulo, o Sintracon forma dez turmas todos os meses há cerca de dois anos e meio, e os profissionais costumam sair empregados. “As construtoras vêm buscar”, diz Antônio Ramalho, presidente da entidade.

“Tem uma concorrência aí que, às vezes, é bom para o trabalhador. Porque muitas empresas ficam tirando o profissional da outra. Os empreiteiros acabam oferecendo alguma coisa a mais, o trabalhador larga tudo, às vezes até pede a conta, para ganhar mais”, conta Ramalho.

Há ainda construtoras com programas próprios de qualificação. A Trisul criou, em 2022, um voltado a profissionais de empresas terceirizadas atuantes em seus canteiros.

“Até o momento, foram formadas quatro turmas, representando cerca de 7% do efetivo de cada canteiro. Embora o número não pareça tão expressivo em um primeiro momento, a ação é de longo prazo para mitigar o risco de falta de profissionais qualificados dentro de nossos canteiros”, diz Roberto Junior, diretor técnico da Trisul.

 

Fonte: Ana Paula Branco | Folhapress

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