Crédito: Reprodução/Pixabay/IPOs
Com a Selic em seu piso histórico e uma maior entrada de investidores na bolsa de valores, buscando maior rentabilidade do que a oferecida pela renda fixa, muitas incorporadoras viram uma oportunidade para se capitalizar via ofertas iniciais de ações (IPO na sigla em inglês).
De todos os IPOs já realizados no ano, 25% são de construtoras. Foram seis de 24 estreias em 2020.
Fizeram sua primeira emissão a Mitre Realty (MTRE3), que levantou R$ 1,02 bilhão; a Moura Dubeux (MDNE3), que levantou R$ 1,25 bilhão; e a Lavvi (LAVV3), que captou R$ 1,16 bilhão.
Também Melnick Even (MELK3), com R$ 713,58 milhões; Plano & Plano (PLPL3), com R$ 690 milhões, e Cury Construtora (CURY3), com R$ 977,5 milhões.
Ações apresentam desvalorização
No entanto, apesar do “apetite” das construtoras e dos investidores e do entusiasmo das empresas em ingressar na bolsa, a maioria as ações não apresentam valorização. As que abriram capital antes da pandemia são as mais penalizadas, embora os balanços das companhias no terceiro trimestre mostrarem número positivos.
Pedro Galdi, da Mirae Asset aponta que isto acontece porque o mercado vive, atualmente, uma espiral de realização de curto prazo. E o setor de construção, especificamente, será beneficiado mais no longo prazo.
“Essa janela ainda não fechou, mas quem fizer a operação agora pode não ter sucesso com demanda por um preço melhor. Muitos vão preferir esperar a próxima janela”, afirma.
Para quem adquiriu os papéis das empresas que fizeram IPO e apresentam queda no valor da ação, a dica é aguardar. A tendência é que a economia melhore pós-Covid e a retomada seja positiva para o setor.
Confira o desempenho de cada uma desde o IPO até 16 de novembro:
Empresas de construção que desistiram do IPO
Diante de algumas captações menores do que o aguardado e da perda de valor das ações, alguns IPOs foram adiados, à espera de um momento mais favorável.
Foram cinco as desistências do setor: One Innovation, Patrimar Engenharia, You INC, Riva 9 e Canopus Holding.
Caio Ventura, analista de Fundos Imobiliários da Guide Investimentos, pondera que ainda há muita insegurança no mercado, especialmente ligada à pandemia, o que explica as desistências e também o recuo dos papéis.
Apesar disto, ele acredita que o setor deve apresentar ainda mais IPOs em 2021 e retomar o crescimento que já vinha ensaiando desde 2018. “Apesar da crise, os fundamentos do setor seguem muito fortes”, diz.
Selic favorece construção
O setor da construção civil tem performance diretamente ligada a um ciclo virtuoso da economia.
Mas neste ano, especificamente, ele vem sendo mais impactado pela Selic, que se encontra em 2%.
Isto porque a venda de imóveis depende fortemente de crédito, que é favorecido pelos juros baixos.
Em relatório, o BTG Pactual afirma que a Selic vem compensando o baixo crescimento econômico brasileiro.
“Taxas de juros historicamente baixas são fundamentais para este mercado e devem compensar as condições econômicas fracas e impulsionar o apetite por novos lançamentos e vendas futuras”, afirma o banco.
E complementa: “A crise afetou os lançamentos do primeiro semestre de 2020, mas a normalidade vem sendo retomada rapidamente. A velocidade de vendas permaneceu forte, impulsionando os lançamentos no terceiro trimestre, e deve continuar crescendo nos próximos anos”.
Além disso, a necessidade de isolamento provocada pela pandemia também propiciou um cenário bastante atípico, em que as famílias economizaram com lazer, transporte e viagens, ficando mais em casa. E puderam deslocar recursos para outros fins, sendo um deles a meta da casa própria.
Empresas de construção civil listadas na bolsa
Construção é o setor com mais companhias na bolsa. Apenas três fazem parte do Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas:
- Cyrela Realty (CYRE3)
- Eztec (EZTC3)
- MRV (MRVE3)
As demais empresas, incluindo as que fizeram IPO em 2020, são:
- Adolpho Lindenberg (CALI3; CALI4)
- Tenda (TEND3)
- CR2 (CRDE3)
- Cury (CURY3)
- Direcional (DIRR3)
- Even (EVEN3)
- Gafisa (GFSA3)
- Helbor (HBOR3)
- Inter (INNT3)
- JHSF (JHSF3)
- João Fortes (JFEN3)
- Lavvi (LAVV3)
- Melnick Even (MELK3)
- Mitre (MTRE3)
- Moura Dubeux (MDNE3)
- PDG Realty (PDGR3)
- Plano & Plano (PLPL3)
- Rodobens Negócios Imobiliários (RDNI3)
- Rossi Residencial (RSID3)
- Tecnisa (TCSA3)
- Tegra (BISA3)
- Trisul (TRIS3)
- Viver (VIVR3)
Fonte: Eu Quero Investir