Todo final de ano o mercado aguarda a listagem das obras públicas: uma forma de avaliar quais estão paralisadas, em andamento ou suspensas por parte do governo. Mas este ano a pergunta é outra: cadê as obras?
Cerca de 11 mil delas “desapareceram” e ninguém no governo sabe dizer onde foram parar. Não estão necessariamente entregues, não foram registradas como paralisadas. Simplesmente sumiram dos relatórios e dados do governo.
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União aponta que em 2018, a União conduzia 38.412 obras, sendo 14.403 paradas. Três anos depois, o número total caiu para 27.126, mas com 7.862 paralisadas.
A suspeita é de que as fusões de ministérios promovidas nos últimos anos afetaram o banco de dados. As informações migraram do antigo planejamento para a economia, mas ainda não foram disponibilizadas e o prazo de 60 dias dado pelo TCU para receber planilhas confiáveis venceu em setembro. A promessa agora é entregar tudo até o fim do ano.
Obras desaparecidas são, na prática, piores do que obras paralisadas, porque investidores não sabem sequer se elas realmente existem. Projetos sequestrados pela burocracia, que poderiam gerar empregos e melhor qualidade de vida para a população.
“Uma obra que não consta em um sistema, que não consta a localização pelo governo, é uma obra que não dá para você trabalhar, inclusive um planejamento de retomada”, analisou Carlos Eduardo Lima Jorge, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Mesmo entre as obras conhecidas, há problemas. A CBIC cita, como exemplo, cerca de mil postos de saúde, que em meio à pandemia, foram abandonados com 70% das obras concluídas, em média. As prefeituras dizem não ter dinheiro para mobiliar, contratar e equipar as unidades.
Vamos aguardar o relatório final, porque em algum lugar a informação deve estar!