Natural de Americana, interior de São Paulo, Aquiles Nícolas Kílaris é um nome que se destaca no cenário da arquitetura brasileira. Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, enxerga a arquitetura como uma extensão de sua própria identidade, buscando uma conexão única entre o espaço e as pessoas.
Suas memórias de infância revelam a fonte de sua inspiração para muitos projetos. “Meu quintal era um microcosmo cheio de vida, cercado por gatos, galinhas e histórias contadas pelo meu pai na varanda”, relembra com um sorriso nostálgico. Essas recordações moldaram sua sensibilidade para a criação de tantos lares.
Apesar de não ter outros arquitetos na família, Kílaris destaca que sua mãe foi uma grande entusiasta de suas inclinações artísticas, já que, na infância, ele já demonstrava grande talento para o desenho. Descendente de gregos, a grande virada em sua escolha profissional ocorreu durante uma viagem à Grécia. “A beleza dos monumentos históricos, colunas e ruínas me impactou e encantou”, recorda.
A experiência foi um divisor de águas, pois sua visão de projeto arquitetônico já era bem distinta de tudo o que era realizado no Brasil à época. Irrequieto, o arquiteto passou a defender uma arquitetura acessível e, ao mesmo tempo, ousada, refletindo a essência de quem a habita.
As curvas da arquitetura
Uma das maiores influências de Kílaris vem do mestre Oscar Niemeyer, símbolo máximo da expressividade e produção da arquitetura moderna brasileira, que poetizou as curvas da natureza em boa parte de seu trabalho. “Minha arquitetura, com formas sinuosas e orgânicas, nasce da observação do meio, como montanhas e ondas do mar”, justifica. “Elas trazem bem-estar e acolhimento às pessoas.”
Foi justamente essa abordagem que fez do profissional um precursor do movimento de valorização do desenho orgânico no país. Seu estilo próprio e inconfundível vem ganhando cada vez mais adeptos e admiradores, tanto dentro quanto fora do Brasil.
Nestes 30 anos de profissão, entre os projetos já elaborados, ele destaca três como emblemáticos: A Casa Cristal, onde vive com a família; a Casa Guiana Inglesa, seu primeiro projeto fora do território brasileiro; e o Edifício Waves, que considera um verdadeiro marco na paisagem urbana.
Quando indagado sobre a definição de um bom arquiteto, Kílaris comenta que, essencialmente, esse profissional deve ser um observador atento. “O dom do desenho é fundamental, mas é a sensibilidade que transforma uma obra em algo excepcional”, afirma. Para ele, um bom projeto não só atende às necessidades do cliente, mas também incorpora a sustentabilidade.
Com mais de cinco mil projetos espalhados em vários continentes, o arquiteto já deixou sua marca em diversas cidades, mas sonha em expandir seus horizontes até a Antártica. E, por falar em sonhos, um deles ainda não se concretizou: “Quando era criança, queria ser astronauta. Por isso, ir para a Lua ainda é um desejo… (risos).”
