Buscar exemplos no passado auxilia a compreensão para possíveis soluções na atualidade. Sistemas de abastecimento de água, tratamento de esgotos e o papel do engenheiro sanitário no controle de epidemias ou pandemias.
Desde janeiro de 2020, a crescente proliferação do novo Coronavírus transformou-se em um dos maiores desafios da humanidade. Entretanto, lidar com uma pandemia infecciosa de proporções continentais e mundiais não é algo recente na história.
Surtos de doenças repetem-se pelos séculos com algumas semelhanças tanto na forma de propagação quando de contenção destas doenças. Dessa maneira, podemos equiparar esta pandemia com outras que ocorreram anteriormente e criar alguns paralelos entre os casos.
O que poucos sabem é que o profissional sanitarista é o responsável por orientar a população e proporcionar um saneamento adequado, ajuda a lidar com doenças evitáveis pelo saneamento correto, como por exemplo: implantando sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário coletivo e individual; manejo de resíduos sólidos e ambiental em macrodrenagem, no controle de epidemias e, no apoio e gestão a serviços municipais de saneamento básico.
Procurar modelos no passado auxilia a compreensão para possíveis soluções na atualidade. Em 1918, a Gripe Espanhola causou a morte de 20 a 50 milhões de pessoas, afetando não só idosos e pacientes com sistema imunológico debilitado como também jovens e adultos. Com possível origem nos Estados Unidos, essa enfermidade quase dizimou as populações.
No Brasil o engenheiro Saturnino de Brito, considerado o Patrono da Engenharia Sanitária do Brasil, no início do sec. XX executou projetos de redes de saneamento básico, água e esgoto, em muitas cidades brasileiras.
Saturnino de Brito, Patrono da Engenharia Sanitária do Brasil. Créditos: Divulgação.
O engenheiro sanitarista foi essencial para o Município de Santos pois projetou os canais para melhorar o saneamento básico na região.
Naquela época, a cidade vivia uma epidemia de doenças como: varíola, peste bubônica, impaludismo, disenteria, febre tifoide.
Apenas a febre amarela, entre as décadas de 1890 e 1900, matou mais da metade da população santista.
Antes das construções dos canais, a região se transformou em um celeiro de doenças em razão das más condições sanitárias. Créditos: Acervo Novo Milênio.
Foi o grande responsável pelas obras na Baixada Santista, e encontrou soluções para o problema das enchentes do rio Paraíba do Sul, que prejudicava a região.
Saturnino de Brito alcançou projeção internacional, vindo a receber insígnias da “Legião de Honra da França” por serviços à humanidade.
Mesmo com origens distintas, o que mais se assemelha as epidemias anteriores ao novo coronavírus é o comportamento humano perante as enfermidades. Um primeiro ponto a se observar se deve ao fato do temor da população as doenças ter ligação direta com os primeiros métodos de prevenção.
A engenharia sanitária e o controle de epidemias nas Américas são temas debatidos com frequência. Em 2018 durante a sessão conjunta da Academia Paraibana de Engenharia (Apenge) e da Academia Paraibana de Medicina, em João Pessoa (PB), o assunto foi o tema da palestra proferida pelo presidente da Apenge, Sérgio Rolim.
Representante da ANE, o Acadêmico Mauricio Renato Pina Moreira ressaltou que a Engenharia Sanitária desempenha um papel importante no desenvolvimento do País. “O setor tem por pauta em especial os sistemas de abastecimento de água e de tratamento de esgotos, questões fundamentais para evitar doenças de origens hídricas.
No Brasil diversas obras de saneamento básico estão em curso. Créditos: Divulgação.
Hoje, as recomendações de prevenção à Covid-19 têm foco total em isolamento social e em maiores cuidados higiênicos, primeiro passo quase universal para impedir a proliferação das enfermidades.
Mesmo com suas diferenças biológicas, sociais, temporais e geográficas, as pandemias costumam resguardar alguns pontos em comum, como o caos social, mudanças de comportamento e disseminação de informações falsas.
Olhando para trás, fica clara a necessidade de investir e valorizar cada vez mais as pesquisas científicas, os estudos e reforçar a importância dos engenheiros sanitaristas. A saúde pública pode ser entendida como a ciência usada para prevenir a doença, prolongar a vida e promover a saúde, nesse sentido, a oferta de saneamento básico como água potável facilita para que tenhamos a higiene necessária para uma vida mais saudável.