Contextualização(SFV)
O Sistema de Fachada Ventilada (SFV) vem tomando corpo e é tendência nas principais construtoras do Brasil. Apesar de ainda possuir pouca penetração no mercado brasileiro devido principalmente à desinformação dos envolvidos do setor e também à ausência de uma norma específica sobre o tema no país, há uma crescente procura por parte dos escritórios de arquitetura, construtoras e incorporadoras.
Um sistema de construção a seco, com baixíssima produção de resíduos, alta produtividade, produção terceirizada e solução para uma boa eficiência energética da edificação, são alguns dos principais atributos de atração dos players do mercado imobiliário à sua adoção.
Quando adotado já na fase de concepção do produto imobiliário, traz ainda mais benefícios aos empreendimentos, porém pela praticidade de execução aliada à baixa manutenção e alto desempenho, torna-se uma solução de retrofit altamente indicada para condomínios com manifestações patológicas nas fachadas ou que desejam simplesmente um “facelift” ao imóvel.
O sistema pode utilizar diversos tipos de revestimento tais como: cimentícios, fenólicos, metálicos e porcelanatos sendo este último o revestimento de mais baixo custo dentre os citados. Por possuir uma estrutura metálica modular, geralmente em alumínio, suporta inúmeros formatos (na imagem de capa o produto utilizado foi o Ibirapuera Mix 20x120cm da Portobello) de revestimento inclusive viabiliza a utilização dos porcelanatos de grandes formatos, como as Lastras da Portobello, em fachadas de elevada altura. Isso confere ao sistema uma infinidade de soluções estéticas.
O Sistema
Como dito anteriormente, é um sistema onde o revestimento é fixado à uma estrutura metálica e esta, ao substrato da edificação em substituição ao reboco e argamassa colante tradicionalmente utilizados no caso de revestimento cerâmico.
Este vão deixado entre a alvenaria de vedação e o revestimento, cria um “canal” de fluxo de ar. Neste canal, por convecção e/ou diferença de pressão entre suas extremidades, um fluxo contínuo ascendente do ar interno é gerado. Este fenômeno é o que chamamos de “efeito chaminé” que confere ao sistema qualidades como conforto térmico, acústico e dispersão da umidade benéficos à edificação. Neste sentido, o sistema utiliza de um recurso natural e renovável a nosso favor, o vento.
A ausência de rejunte ou qualquer material selante nas juntas, entre os revestimentos, incrementa ainda mais a renovação de ar interna e confere uma perenidade estética superior quando comparado aos sistemas rejuntados, pois no primeiro, as sujidades depositadas nestas juntas são “lavadas” pelas chuvas.
Para os tipos de estrutura metálica podemos classificá-los em sistemas pontuais (inserts) e sistemas reticulados. Os sistemas pontuais (muito utilizado com granitos) consistem em peças de inox que de um lado são chumbadas no substrato da edificação (elementos estruturais ou alvenarias reforçadas com graute) e do outro, pinos de ancoragem servem para a fixação mecânica destas placas previamente furadas.
Já as estruturas reticuladas são formadas por peças de alumínio também chumbadas no substrato da edificação (não necessariamente com alvenaria reforçada por graute) e perfis fixados uns aos outros com parafusos de inox. Nestes perfis, peças metálicas de suporte ao revestimento são novamente parafusadas e estas recebem o revestimento fixando-os de forma mecânica (pinos ou aletas) ou química (Poliuretanos ou Silicones).
É importante salientar que o sistema deve resistir movimentações da estrutura, do próprio sistema e também aos esforços horizontais e verticais oriundos do próprio peso, sismos, cargas acidentais ou esforço de vento.
Há empresas que realizam o SFV com porcelanato fixando-o na estrutura portante apenas de forma mecânica através de furos ou cortes na peça. Isso é altamente não recomendado pois estas intervenções fragilizam a peça e comprometem sua resistência aos esforços citados. Vale lembrar que o porcelanato é uma peça vítrea e de ruptura frágil.
Ainda que não exista uma norma específica para a execução ou especificações de fachadas ventiladas a norma de desempenho NBR 15.575 Edificações Habitacionais – Desempenho parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas (SVVIE) estabelece critérios e métodos para avaliação do desempenho dos SVVIE. Assim sendo é de fundamental importância que o sistema a ser contratado possua certificação dada por órgãos acreditados atestando o cumprimento mínimo de desempenho estabelecido pela norma.
O sistema reticulado com fixação do revestimento de forma química e mecânica é o que melhor desempenhou nos testes realizados pela Portobello e sua parceira Tecnofas e sobre este sistema falaremos abaixo.
Pela flexibilidade da retícula metálica em promover um espaçamento maior ou menor entre o substrato e o revestimento a ser aplicado, não há a necessidade de execução do reboco na vedação externa. Também em obras de retrofit, a retirada do revestimento antigo para sua aplicação é facultativa, ou seja, o sistema pode ser instalado por cima.
Outra grande vantagem do SFV é a baixa carga permanente de todo o sistema (cerca de 25Kg/m2 de fachada). Esta carga representa cerca de 1/4 da carga permanente de um sistema convencional de reboco e aplicação de textura.
É fundamental que um projeto executivo seja feito por empresa competente (geralmente a própria executora se encarrega desta parte) com detalhamento dos tipos e quantidades de ancoragem (projeto estrutural do sistema), dos encontros de empenas, dos encontro entre sistemas distintos (ex: pele de vidro), viradas de janelas, peitoris, detalhes de paginação, materiais empregados além da apresentação da RRT ou ART do responsável pelo projeto.
O SFV não é um sistema estanque, haja vista as juntas não preenchidas e a necessidade de vãos para permitir a ventilação. Desta forma é necessária a aplicação de um impermeabilizante (resina acrílica ou cimento polimérico) no substrato que receberá o sistema.
Após a impermeabilização, peças de alumínio em formato de “L” (mênsulas) são fixadas no substrato através de um sistema de fixação determinados pelo projeto de ancoragem a depender dos ensaios de arrancamento feitos em obra.
Nestas mênsulas, com parafusos de inox, perfis em alumínio anodizado no formato de “T” são fixados e nestes por sua vez, pequenas peças (também em alumínio e no formato “L” – grampos) são fixadas com parafusos de inox. Estas últimas são responsáveis suportarem as cargas verticais do revestimento transmitindo estes esforços para todo o conjunto metálico.
Antes da colocação do revestimento, fitas dupla-face especiais com espessura de 4mm são colocadas verticalmente no perfil. Possuem a função de garantir espessura de trabalho do polímero após a cura, dar resistência inicial aos esforços horizontais até que o polímero atinja sua cura, limitar o espalhamento do polímero deixando as juntas limpas e por último servir de barreira para raios UV que possam atingir o polímero e degrada-lo (no caso de silicones).
Nestes perfis é que as juntas verticais dos revestimentos são feitas e obedecem aos espaçadores como e cunhas como num assentamento normal. Verticalmente os Grampos são as peças responsáveis pelo alinhamento do revestimento.
O último passo é a retirada das cunhas e espaçadores entre o revestimento.
Conclusão
Os sistemas de revestimento em fachada ventilada por serem sistemas de construção a seco, leves, limpos, com baixa geração de resíduos, de rápida aplicação, que trazem excelente isolamento térmico à edificação, baixa manutenção e possibilidades infinitas de acabamento, vêm adquirindo cada vez mais adeptos do mercado da construção civil brasileira.
Empresas relatam que adotarem esta solução em uma obra, dificilmente voltam a fazer o método tradicional.
Pelos grandes benefícios trazidos durante a execução e em sua plena função, empresas aventureiras fornecem serviços de instalação de fachadas ventiladas a preços competitivos expõe o cliente a riscos enormes e pode manchar a reputação de um sistema realmente eficaz. Uma normatização específica para o tema poderia orquestrar melhor o mercado e trazer mais segurança aos clientes.
Por outro lado, empresas sérias como a Portobello caminham em prol de difundir o sistema e realizar projetos sólidos impactando positivamente os produtos de seus clientes ao agregar valores na execução e em toda vida útil do sistema.