No artigo de hoje, falarei um pouco sobre o papel das cia’s fb tech nas operações envolvendo as plataformas industrializadas (construções 3.0 / R 3.0).
Para poderem se posicionar melhor, gastarei um pouco de tempo explicando onde nosso setor se encontra, e onde as cia’s fb tech se posicionam.
Em nossa história, tivemos 4 grandes revoluções industriais, a saber:
- 1ª revolução industrial (1760 a 1840): na Inglaterra, denominada Indústria 1.0;
- 2ª revolução industrial (1850 a 1945): também conhecida como “Produção em Massa” ou Indústria 2.0. Origem da indústria automobilística e do Fordismo por Henry Ford em 1909. Foi nesse período que começaram a ser mencionadas nas indústrias as palavras: chão de fábrica, estações de trabalho, ciclo de produção, fluxo contínuo de produção, logística, melhoria contínua e produtividade. O avanço da indústria neste ciclo possibilitou a produção de itens em larga escala (daí o nome “Produção em Massa”) reduzindo drasticamente os preços e aumentando as vendas. Produtos que até então eram considerados itens de luxo tornaram-se bens de consumo para as mais diversas classes sociais;
- 3ª revolução industrial (1950 a 2010): revolução eletrônica ou dos hardwares e computadores. Definida como Indústria 3.0;
- 4ª revolução industrial (2015 em diante): transformação / revolução digital ou dos aplicativos (software). Tornando-se conhecida como Indústria 4.0. É considerada a maior transformação que a civilização humana já conheceu, onde a Inteligência Artificial é apenas o começo.
Costumo classificar o Mundo Digital como a união das 3ª e 4ª revoluções industriais, ou para melhor compreender, a união dos hardwares com os softwares. Desta, surgirão as big datas que darão base a uma plataforma digital “PODEROSÍSSIMA” acelerando os processos e evoluções tecnológicas em nosso setor.
Quando se criou a 3ª revolução industrial, praticamente os únicos hardwares que possuíamos eram os computadores e robôs (sem qualquer inteligência). Atualmente, temos diversos hardwares, como por exemplo, os drones, robôs inteligentes, scanner’s, impressoras 3D, óculos de realidade virtual, mista, cloud computing, plataformas móveis (internet móvel / link dedicado) e, especificamente em nosso setor, centrais térmicas altamente eficientes, máquinas de ar condicionado tipo VRF que conversam entre si, bombas eletrônicas de recalque, válvulas eletrônicas redutoras de pressão, máquinas de reconhecimento digital, etc.
Agora, se tentarmos classificar nosso setor dentro das quatro revoluções industriais que ocorreram, eu as classificaria da seguinte forma (lembrando que esta classificação é uma percepção exclusivamente minha, variando conforme o ângulo de visão que o observador se coloca):
- 1ª Revolução Industrial:
Composta por construção convencional (C 1.0) e construção convencional “racionalizada” (C 2.0). Ambas operando com fornecedores 1.0 e 2.0. Algumas características (fundamentos) que pude constatar nas construções 2.0 ao longo de quase meio século de convivência com esse sistema construtivo foram:
- Operam a maior parte dos projetos com estruturas de concreto convencionais (pilares, vigas e lajes);
- Utilizam fachadas argamassadas (espessuras médias de 60 mm e peso de 200 kg/m2);
- Necessitam de contrapiso aderente na laje para o acabamento (espessura média de 50 mm e AD 50);
- Paredes de vedação em blocos cerâmicos e/ou concreto, que são pesados (180 kg/m2), com baixo desempenho termoacústico e que ainda necessitam de revestimento para seu acabamento final;
- Altas sobrecargas na estrutura e fundações da torre;
- Operam com mão-de-obra intensiva no canteiro e a maioria atuando como apoio, gerando um passivo e contencioso trabalhista enorme. (sempre viés de alta com seus valores pressionados);
- Baixíssima produtividade e excesso de retrabalho;
- Alto nível de patologias (viés de alta);
- Exigência de impermeabilização convencional no pavimento tipo;
- Alto nível de geração de resíduos;
- Baixo nível de precisão (trabalha-se c/ taliscas);
- Logística vertical e horizontal no canteiro caótica e confusa (transporte vertical nos pavimentos realizados 80% com guincho e 20% com grua);
- Não consegue operar a “melhoria contínua” com seus fornecedores;
- Prazos de construção alongados (viés de alta);
- Obras com alto impacto ambiental e péssimas relações com o meio ambiente;
- Altos custos de execução e operação pós entrega (viés de alta);
- Limitadas em termos de crescimento (a escala trabalha contra você).
Como consequência de todos os pontos listados acima, as operações no canteiro tornam-se lentas, pesadas e ineficientes, empregando-se muita burocracia na tentativa de solucionar os problemas existentes, sem obter sucesso com isso.
Demonstrando ser uma realidade insustentável, este sistema vem, na última década, passando por uma obsolescência, ou seja, envelheceu! Levando em conta os fatos apresentados, uma pergunta se faz necessária: “Mas a C2.0 foi algum dia um ‘sistema construtivo’?”
- 2ª revolução industrial:
Caracterizada por uma construção com projetos que operam em plataformas industrializadas (C3.0 ou R 3.0). Utilizam Desenvolvedores 3.0 (Des 3.0) nas operações dentro do canteiro de obras. Gostaria de esclarecer que quando falo em plataformas industrializadas, quero dizer que você precisa operar em seu canteiro de obras (chão de fábrica) uma linha de montagem (LM) com alto desempenho operacional, preferencialmente seguindo o pensamento “Lean Thinking”, com fluxo contínuo de produção.
Neste ponto, é importante esclarecer que classificamos os fornecedores que operam na construção C1.0 e C2.0 de fornecedores 1.0 e 2.0 e os que operam na construção C 3.0 (R 3.0) de Desenvolvedores (Des 3.0), apresentando três diferenças fundamentais em relação aos anteriores:
- O Des 3.0 já vem treinado. O que ele fará no canteiro de obras é produzir com qualidade e produtividade adequada no ciclo de produção programado (Ex: 1 pavimento a cada 6 dias; 1 pavimento a cada 4 dias).
- Possui foco e comprometimento total;
- À medida que produz, adquire a visão daquilo que pode ser melhorado no canteiro de obras, pois sabe que a próxima obra será dele; este raciocínio é fundamental; os influenciadores auxiliam e coordenam estas tarefas.
Agora, voltando a falar nas obras operando em plataformas industrializadas, o que as diferencia? São obras operadas dentro de uma linha de montagem, no canteiro de obra.
Exemplificando bem essa realidade, na @lliance, a produção no canteiro de obras foi desenhada para operar a partir do chassi (estrutura), com uma avançada linha de montagem (LM), padrão VVP (vertical, virtual e progressiva) que apresenta as seguintes características:
- 11 estações de trabalho sincronizadas (seguindo o pensamento Lean Thinking);
- Ciclos de produção definidos (1 pavimento à cada 6 dias ou 1 pavimento à cada 4 dias);
- Fluxo contínuo de produção (seguindo o lema mais importante da indústria: “A produção não para!”);
- Melhorias contínuas incorporadas em seu sistema construtivo.
- Possibilitando Integração total: Projetos x Canteiro de obra x Des 3.0;
- Logística avançada dentro dos canteiros de obras com:
- Regime Jit no pavimento via grua, envolvendo os subsistemas Dry, Sistemas Prediais (EL.HD.EPA), revestimento cerâmico louças, PI’s (AL, Margran, Bancas);
- Eficiente mobilidade vertical e horizontal no canteiro de obras através de guincho provisório na caixa de corrida; utilização grua x guincho (70% x 30%), Lo concreto na laje (via mastro);
- Manejo adequado de resíduos e sobra de materiais (classificados em primário, secundário e terciário);
- Operando com Desenvolvedores 3.0 (Des 3.0);
- Engenheiros de produção atuando diretamente na LM (Sendo 3 da construtora e 2 dos Des 3.0).
Qual o reflexo quando você adota uma Linha de montagem (LM) dentro de seu canteiro de obras, passando a operar em uma plataforma industrializada?
- Redução no prazo da obra em 30%.
- Redução de mão-de-obra no canteiro em 30%.
- Reduz o peso da torre de 15 a 25%, c/ reflexos na fundação e um pouco na estrutura.
- Maior controle de seus subsistemas, redução as patologias de seu projeto.
- Entrega as unidades autônomas (aptos) c/ qualidade superior.
- Potencial redução do budget em até 12,5 %.
Se por um lado a adoção de uma plataforma industrializada proporciona inúmeros ganhos e diferenciais aos projetos, por outro podem levar empresas a se aventurarem em operar algo desta magnitude sem o auxílio e experiência de uma companhia full building technology (cia fb tech), conduzindo tal transição a um inevitável insucesso.
Ligadas ao setor de “inovações tecnológicas” na construção civil, as fb tech’s são companhias ágeis, eficientes, produtivas e seguras, que auxiliam seus clientes a serem mais competitivos e sustentáveis melhorando a sua performance geral.
Dada a grandeza e complexidade que plataformas industrializadas apresentam, o acompanhamento de cias fb tech se mostra indispensável neste processo de implantação e operação. Oferecendo às empresas do setor um sistema construtivo completo para operar em plataformas industrializadas (R 3.0), as referidas organizações atuam como influenciadoras, ou seja, irão acompanhar as construtoras, desde o desenvolvimento do projeto (partindo do princípio de que toda mudança começa nos projetos), passando pela operação no canteiro de obras e chegando à entrega do empreendimento (do concreto às chaves na mão).
Sendo bons exemplos de companhias que possuem sistemas construtivos plenos (completos), cito aqui a Urbic, Tecverde, Alea (Tenda) e Encol (no passado);
A correta escolha de uma cia fb tech deve ser bem criteriosa, e deverá atender alguns critérios como:
- Tecnologia dominante utilizada;
- Memória de seu sistema operacional;
- Modo como opera as melhorias contínuas de seu sistema construtivo;
- Pensamento que norteia a empresa;
- Paradigmas quebrados que promoveram o rompimento com imobilismo tecnológico da C 2.0, conduzindo-os a R 3.0.
Para não me alongar mais, me aterei neste artigo às duas primeiras revoluções industriais já explanadas, prosseguindo com a analogia sobre as 3ª e 4ª revoluções industriais no setor construtivo (C 4.0 / R 4.0) nos meus próximos artigos.
Me despeço mostrando uma imagem da fachada desenvolvido em cima de um chassi híbrido (90% parede de concreto e 10% fachada painelizada) lançada a 100 m de altura.