Enquanto as indústrias de ponta, como a automobilística, já chegaram à era 4.0 (revolução digital), nosso setor não passou da Indústria 2.0, se é que podemos chamá-la de “indústria da construção”.
Vejo diversos construtores e incorporadores mencionarem, com orgulho, sua ida ao Vale do Silício e lhes pergunto, ainda que com certo desdém: “Mas, o que vocês foram fazer?” Turismo, provavelmente! Isso porque, antes de mais nada, temos a obrigação de fazer nossa lição de casa, aqui mesmo no Brasil.
Penso que, se fosse CEO de uma empresa, estaria preocupado com o futuro do nosso setor e com a longevidade dela, já que, com a revolução digital 4.0 confirmada como uma das mais transformadoras dessa época, corre-se o risco de tudo mudar de uma hora para outra. E as empresas podem simplesmente desaparecer!
Pesquisa realizada pela McKinsey & Company, com base na lista das 500 maiores empresas da revista americana Fortune 500 – que a publica anualmente desde 1955, ou seja, há 64 anos – constatou o seguinte sobre a longevidade das empresas e o que a afeta:
. 88% das empresas presentes na lista há 64 anos não existem mais;
. O período em que uma empresa permanece na lista tem diminuído muito rapidamente;
. No ano de 1955, a expectativa de vida das empresas era de 60 anos;
. Na década de 80, passou a 30 ano;
. Atualmente, é inferior a 15 anos;
. E, nos próximos anos, com a revolução digital, a tendência é ser inferior a 5 anos;
Após diversos estudos sobre o que impactava as empresas, a McKinsey chegou às seguintes conclusões:
Não é só a tecnologia em si, mas também a saúde organizacional das empresas, que inclui a inteligência na montagem dessa nova estrutura organizacional e, principalmente, a desburocratização.
De fato, as empresas são engessadas e com uma estrutura muito inchada, o que as torna lentas para qualquer tomada de decisão que deve ser sempre rápida.
A McKinsey menciona também a capacidade de engajamento e comprometimento que a empresa consegue transmitir a seus colaboradores (internos e externos), com ênfase no alinhamento de seus gestores a essas novas tecnologias (que é certamente uma tarefa do CEO e da alta administração e que não poderá ser delegada).
Novas tecnologias exigem mudanças no perfil dos funcionários – de generalista para especialista, ou seja, é preciso incluir pessoas com alta capacidade técnica o mais rápido possível. Falamos de “profissionais T”, isto é, pessoas com alta capacidade de transformação, multidisciplinares, com atributos além de engenharia, ciência, tecnologia, matemática e, por fim, com visão sistêmica dos processos.
As universidades não estão preparadas para essa transformação educacional que deverá ser assumida pelas próprias empresas ou por entidades/empresas especializadas em tecnologia, que serão criadas (as FBTs, de full building technology), semelhantes às fintechs, agrotechs, etc.
Sem esses fatores, não tem como não comprometer o potencial de crescimento de uma empresa.
Aquela mais bem preparada assumirá a liderança e se perpetuará.
Em resumo, atualmente, no mundo digital, quem não cresce, desaparece !!!
No próximo artigo, tratarei de nossa evolução, de C 1.0 para C 2.0. Vocês verão que foi mínima, ao longo destas 4 décadas.