Escrito por: Newton Azevedo – Presidente do conselho da Hydrus Brasil Capacitação
O saneamento no Brasil encontra-se em um momento crucial, marcado por um contraste gritante: a disponibilidade de tecnologias avançadas versus carências anacrônicas que ainda persistem.
A universalização dos serviços de água e esgoto, meta fundamental para a saúde pública e o desenvolvimento socioeconômico do país, não depende apenas de investimentos em capital e tecnologia, mas também, e crucialmente, da competência e retenção de profissionais capacitados. Formar, capacitar e qualificar pessoas é, portanto, um dos maiores desafios para o setor.
A complexidade da questão se amplia quando consideramos a dimensão continental do Brasil e as suas distintas realidades socioeconômicas. A busca pela eficiência operacional das concessionárias deve ser adaptada a cada contexto regional, encontrando um equilíbrio entre a adoção de novas tecnologias e a capacidade dos colaboradores em transformar dados em informações úteis para as operações.
A preocupação com a gestão de pessoas se torna ainda mais evidente quando constatamos que 35% dos colaboradores de nível operacional (o chamado “chão de fábrica”) são considerados analfabetos funcionais, um dado alarmante que impacta diretamente na capacidade de absorção e aplicação de novas tecnologias e processos.
O novo marco regulatório do saneamento, juntamente com as diretrizes da ANA – Agência Nacional das Águas, trouxe maior maturidade institucional ao setor, garantindo um ambiente jurídico mais estável e propício aos investimentos.
Este cenário favorável, no entanto, precisa ser acompanhado por um esforço conjunto para capacitar os profissionais, implementando novas tecnologias de forma inteligente e respeitando as particularidades de cada região. Só assim será possível trilhar o caminho da universalização com eficiência operacional, tarifas justas e garantia de retorno ao capital investido.
Investir em educação e capacitação não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas um imperativo econômico. Afinal, como bem diz o ditado, a educação não tem preço, mas a sua falta tem custo – e no caso do saneamento, este custo pode ser traduzido em saúde pública, qualidade de vida e desenvolvimento sustentável.
A universalização do saneamento, com qualidade e eficiência, requer um olhar atento para a valorização e qualificação dos profissionais que atuam na linha de frente, garantindo que estejam preparados para os desafios tecnológicos e operacionais do setor. Somente assim poderemos garantir um futuro com água e saneamento para todos.