Colunistas Paulo Oliveira

Construtechs: investidores anjo e fundos de VC precisam focar na raiz dos problemas

É muito interessante a análise do Fernando Rodrigues na matéria publicada pela Startups Network. Pena que no setor de construção o foco dos investimentos no early stage se concentram nos negócios digitais – proptechs, apps, softwares e sistemas de gestão, que colaboram para agilizar e melhorar a construção tradicional, mas estão longe de atuar na raiz dos problemas seríssimos que afligem o setor de forma cada vez mais preocupante.

Estou falando da queda crescente e assustadora da produtividade, problemas de qualidade e desempenho, insuficiência crescente de mão de obra, desperdício de materiais e falta de previsibilidade de custos e prazos.

As teses de investimento dos investidores anjo e dos fundos de venture capital (VC) não contemplam as construtechs “raiz”, que têm capacidade real de inovação e conteúdo técnico para transformar o setor através de uma mudança de mind-set e, ainda, acelerando também as empresas que atuam com metodologias tradicionais de construção.

Cabe um destaque aqui: Empresas de construção modular muito competentes receberam dezenas de milhões de investimento de fundos de VC. Mas vale destacar que são empresas que já estavam operando há anos, com histórico de faturamento e de resultados, ou seja, não estavam no early stage. E, assim, estão se esgotando as construtechs nesta posição no mercado brasileiro!

A verdade é que, investir em construtechs “raiz” no early stage pode ser extremamente atrativo para os investidores e fundos de VC, remunerando bem mais agressivamente o capital investido e compensando o maior risco do investimento. Não limitado aos aspectos financeiros do negócios, esse tipo de investimento também gera uma enorme contribuição à sustentabilidade e ao ESG, entregando edificações mais leves, mais saudáveis com menor consumo de recursos naturais e projetadas para a máxima eficácia hidroenergética.

Para isso, as análises de projetos precisam ser mais consistentes e profundas, entendendo o conteúdo real, a robustez da estratégia, a tecnologia, a inovação a capacidade de gestão e o capital intelectual envolvidos.

Afirmo categoricamente que antes dos meus interesses pessoais, tenho um papel institucional que me insere em uma pauta intensa de palestras, debates e moderação de painéis nos principais eventos nacionais e em alguns internacionais, sempre falando sobre tecnologia, inovação e caminhos para a industrialização da construção.

Como “startupeiro sênior”, a frustração é grande já que ainda não consegui captar investidores para um projeto em construção modular com soluções inteligentes, diferenciais competitivos robustos e pilares de engenharia exclusivos, sócios experientes e reconhecidos em suas áreas de eficácia, além de uma jornada do cliente exclusiva e inédita no mercado imobiliário (pedido de patente protocolado). Longe de querer “jogar a toalha”, manterei o meu foco e resiliência.

Considerando os meus “dois papéis”, enfatizo que esta questão merece uma reflexão mais profunda das lideranças, empresas, investidores, fundos de VC e entidades setoriais.

Como executivo e dirigente experiente de indústrias nacionais e multinacionais e ainda, de empresas de engenharia, construção e incorporação, tendo introduzido várias tecnologias novas no mercado brasileiro e conduzido projetos relevantes de reestruturação e de expansão orgânica ou via M&A com total êxito e resultados sempre acima do planejado, sei da qualidade do projeto que temos em mãos.

Mas este não é um problema exclusivamente meu, e apetece muitos empreendedores em construtechs. O setor de construção tem urgência na solução dos problemas apresentados. Não os resolveremos com um “cicatrizante e band-aid”. As transformações somente acontecerão a partir de uma intervenção cirúrgica e precisa na raiz dos problemas.

 

Paulo Oliveira é CEO da ARATAU Construção Modular, presidente do conselho do C3 – Clube da Construção Civil, coordenador do Movimento Brasil Viável (www.brasilviabel.com.br) e conselheiro do HubUNION.

 

Contato: paulo.oliveira@arataumodular.comhttps://linktr.ee/aratau

Resposta

  1. Boa tarde Paulo.
    Quero conhecer todo o sistema da construção Aratur.
    Estou acompanhando todas as informações

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