O cenário da construção no Brasil vem passando por profundas mudanças nos últimos anos, que abrem oportunidades para o setor atingir um novo patamar de estruturação, gestão e eficiência.
Mudanças no perfil dos clientes veem exigindo maior eficiência, agilidade, qualidade, responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG. As enormes demandas por habitação e infraestrutura do país exigem formas mais viáveis para superar o déficit histórico.
Para responder a essas pressões, as empresas mais estruturadas buscam se manter competitivas com iniciativas de inovação, modernização, digitalização, evolução tecnológica, racionalização e industrialização.
Mas um elemento não pode faltar nessa equação, para articular e tornar mais rápidas, efetivas e sustentadas todas essas iniciativas: a gestão lean.
A filosofia lean vem sendo propagada no mundo todo há mais de três décadas. Em praticamente todos os setores de manufatura ou serviços se tornou elemento indispensável e sinônimo de excelência operacional e de gestão.
Na construção brasileira, por muito tempo, foi visto como algo distante, “coisa de manufatura”. Claro que a construção tem suas particularidades, mas isso não impede que o lean tenha o mesmo sucesso e resultados que tem em outros setores.
Isso nos últimos anos, com um vem se comprovando na prática nos últimos anos, com o enorme crescimento de empresas aplicando lean nas obras com resultados significativos, como redução de meses nos prazos e aumentos de produtividade de mais de 30%.
Porém, com raras exceções, essas aplicações têm ainda se limitado a poucas obras e ao uso de algumas ferramentas lean isoladas, como last planner system e linha de balanço. Essas ferramentas, claro, já trazem bons resultados, mas ainda são uma pequena parte do potencial que a verdadeira filosofia lean pode trazer. Além disso, esse esforço muitas vezes acaba se perdendo sem se propagar a outros empreendimentos e à área corporativa das empresas.
A aplicação do lean tem um potencial muito maior de transformação, podendo gerar um verdadeiro turnaround na empresa. Para isso, precisa ser encarado pela liderança como uma mudança estratégica, sendo aplicado na empresa toda.
Trago alguns elementos, que exemplificam como o lean pode ser usado com essa visão mais ampla:
- Implemente passo a passo, mas com visão abrangente
- Adote o sistema de gestão lean com gerenciamento diário
- Aplique o lean desde o projeto, integrado ao BIM
- Garanta a estabilidade básica
- Tenha foco no fluxo contínuo
- Faça melhorias sistêmicas com a visão do fluxo de valor
- Melhore a forma como o trabalho é realizado
- Garanta a qualidade e segurança na fonte
- Alavanque a sustentabilidade com as sinergias do lean
- Integre inovação, tecnologia e industrialização com propósito claro
- Implemente a Logística lean interna e externa
- Crie parcerias na cadeia de fornecedores
- Melhore os processos administrativos com lean
- Desdobre melhorias a partir do valor para o cliente
- Utilize lean e ágil para a transformação digital
- Exponha e resolva problemas rapidamente
- Desenvolva solucionadores de problemas
- Envolva todos em kaizens
- Transforme seus gestores em líderes lean
- Incorpore o lean à cultura da empresa toda
- Use o lean no seu desdobramento estratégico
É claro que nenhuma empresa vai implantar tudo isso da noite para o dia. A transformação lean é uma jornada, que deve ser percorrida passo a passo, acumulando aprendizados, e gerando resultados de curto, médio e longo prazos.
Vou buscar trazer nesta coluna ideias e exemplos de como colocar em prática essas recomendações. Espero poder ajudá-lo a iniciar, ou ampliar, os benefícios de suas aplicações lean.
Sobre o autor:
Flávio A. Picchi : Presidente do Lean Institute Brasil e Professor da Unicamp.
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