Apesar das barreiras existentes no Brasil que dificultam a sua difusão, a construção industrializada tem ganhado mais espaço entre as construtoras e incorporadoras do país. A estagnação nos índices de produtividade, somada ao aumento da escassez de mão de obra no mercado da construção, vêm direcionando os olhares das empresas do setor para a necessidade urgente da adoção de soluções construtivas mais eficientes e sustentáveis.
Com 37 andares e 130 metros de altura, o edifício Skyline Tower, entregue no fim do ano passado, em Balneário Camboriú–SC, empregou sistemas industrializados e de construção enxuta para dar mais agilidade à obra. Segundo a Incorporadora FG, responsável pelo projeto, o uso do drywall nas divisórias do prédio, juntamente com o da fachada ventilada e de piscinas pré-fabricadas possibilitaram reduzir em 35% o número de trabalhadores no canteiro e a antecipação do cronograma de obra em 18 meses; tudo isso com 20% a menos de resíduos.
Seguindo nessa linha, o diretor de engenharia da FG, André Bigarella, conta que seus próximos lançamentos deverão utilizar banheiros pré-fabricados como uma alternativa para reduzir diversas etapas construtivas: “A construção civil ficou bastante atrasada no Brasil, a industrialização é o caminho para quem precisa de produtividade”, conta o Bigarella.
Para o presidente da Tecverde, Ronaldo Passeri, as construções industrializadas off site são 4 vezes mais rápidas que as tradicionais, necessitando de apenas 17% do tempo destas para serem concluídas com a mesma quantidade de funcionários.
Case que exemplifica isto foi a construção em tempo recorde de 518 unidades habitacionais em São Sebastião–SP para os afetados pelas chuvas em 2023. Divididas em 30 prédios e 38 casas, o conjunto habitacional foi executado e entregue pela Tecverde em apenas 10 meses.
Apesar de serem mais eficientes, os sistemas construtivos industrializados não deverão diminuir o número de vagas no setor. Para Yorki Estefan, presidente do Sinduscon-SP, há demanda suficiente por obras para haver mais canteiros, com menos trabalhadores em cada um. “Mesmo com a taxa de juros ainda alta, temos acrescentado postos de trabalho a cada ano. Se o país tiver normalidade econômica e juros compatíveis com investimento, teremos que colocar muito mais gente nos canteiros”. O déficit habitacional calculado pela Fundação João Pinheiro é de 6 milhões de casas.
Mas não tem sido fácil encontrar trabalhadores, que estão mais caros. Nos últimos 12 meses, o preço da mão de obra subiu 6,24% com base no INCC. Sendo o terceiro maior segmento gerador de empregos do país – com 2,6 milhões de pessoas ativas – a expectativa é que a industrialização atraia uma mão de obra mais jovem para o setor, que não tem demonstrado mais interesse por essas profissões: “Tenho mestres de obras com 70 anos e não tem reposição”, afirma João Antônio Mattei, diretor-geral da BN Engenharia. “Temos carpinteiro ganhando R$ 14 mil, mas o filho dele não quer ser carpinteiro”.
Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) tem a mesma visão: “O setor, da maneira como atua hoje, com processo artesanal e muitas etapas debaixo de sol e chuva, tem pouca atratividade para os jovens”.
Concordando com Correia, o presidente do Sinduscon-SP reforça que o setor tem falhado em se mostrar atrativa aos mais novos: “Um dos problemas é o ambiente das obras, ainda ‘agressivo’. É preciso industrializar mais os processos para mudar essa realidade”, afirma.
O C3-Clube da Construção Civil reforça o seu apoio à difusão e uso massivo da construção industrializada no Brasil. Acesse o site do Brasil Viável e saiba como você pode ajudar a democratizar a construção industrializada no país.
Fonte: Valor Econômico
Crédito Capa: Tecverde