O mercado de galpões logísticos e industriais segue com entregas elevadas e no terceiro trimestre, foram entregues no país cerca de 1 milhão de metros quadrados de galpões de alto padrão, segundo a consultoria JLL.
O número é 51,6% maior do que os 682 mil do segundo trimestre, e 247% superior ao volume entregue entre julho e setembro de 2021. Ao mesmo tempo, a taxa de vacância desses imóveis aumentou apenas 0,65 ponto percentual, para 9,99%.
O preço médio pelo metro quadrado para locação subiu 6,2% em comparação com o trimestre anterior, para R$ 23,35. No mesmo trimestre do ano passado, a média era de R$ 20,24.
Segundo André Romano, gerente de industrial, logística e data center da JLL, o aumento do preço reflete a alta demanda do mercado e também a elevação dos custos da construção. Como o ciclo dos imóveis logísticos leva entre 12 e 14 meses, os ativos que estão chegando para locação agora foram construídos durante o período mais crítico de alta dos insumos para obras, e isso será cobrado no preço do aluguel.
A inflação das obras tem se reduzido, como mostra o acumulado dos últimos 12 meses do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que passou de 13,69%, em janeiro, para 10,89% em setembro. “Vamos conseguir ver isso no aluguel mais no fim de 2023”, afirma Romano.
Neste ano, já foram entregues por volta de 2 milhões de metros quadrados em novos galpões, praticamente o mesmo de todo 2021, que havia sido o melhor ano em entregas na última década.
O otimismo com o setor estava tão alto que a expectativa da JLL para 2022 era que o país chegasse a 3,5 milhões de metros quadrados, mas Romano já afirma que isso não deve se cumprir. “Grande parte foi postergada para 2023”, diz. “Tem otimismo menor das empresas em buscar espaço e o investidor sente isso, além de ser ano de eleição e Copa, é natural que esses projetos sejam postergados”, completa.
Como explica o gerente, o setor de imóveis logísticos tem mais facilidade para fasear suas entregas e segurar projetos quando percebe que o mercado não vai absorvê-los, por causa do tempo mais curto de execução e de se localizar em áreas mais afastadas. Assim, sofre menos punições por atrasos nas obras.
Segundo a Newmark, há ainda 1,6 milhão de metros quadrados de galpões em construção, e o setor quase dobrou o volume de 2014 até agora, passando de 16 milhões para 30 milhões de metros quadrados no país.
Dados da consultoria Cushman & Wakefield para o segmento logístico no Estado de São Paulo apontam a entrega de 242,6 mil metros quadrados no terceiro trimestre, 26,5% menos do que nos três meses anteriores. Já a JLL computa estoque maior, de 594 mil metros quadrados, o que representaria mais da metade do que foi entregue no país no trimestre.
A Cushman destaca que, das áreas entregues em São Paulo, 45% já estavam pré-locadas, e que a absorção líquida foi a maior desde o último trimestre de 2020, tendo crescido 16% em relação ao segundo trimestre deste ano.
Fonte: Valor