A Tecverde lançou neste mês um novo modelo de casa construída com painéis de madeira, para o segmento econômico. A Casa 1.0 pode ser erguida em sete horas, com quatro a sete trabalhadores, de acordo com informações divulgadas pela companhia.
A empresa já constrói casas e pequenos prédios de madeira há anos, mas a novidade do modelo é sua maior industrialização. Se antes a casa chegava ao canteiro 65% pronta, agora 85% dela já sai feita de fábrica. Como explica Caio Bonatto, fundador e diretor de expansão, isso inclui instalações elétricas e hidráulicas, cerâmicas, forro do teto e louças do banheiro.
O preço da Casa 1.0 vai variar de R$ 70 mil a R$ 80 mil, 15% menos do que a unidade que faz hoje. Há um modelo com pouco menos de 40 metros quadrados, e outro um pouco maior. Ambos têm dois quartos, sala, cozinha e lavanderia.
O objetivo é atender incorporadoras que trabalham com os grupos 1 e 2 do Casa Verde e Amarela (CVA), mas estão com dificuldade para encaixar os produtos nos limites do programa. “Isso viabiliza uma casa com preço final de R$ 135 mil a R$ 145 mil, que para a maioria das incorporadoras tem sido inviável com os métodos tradicionais”, afirma Bonatto.
Mesmo com as mudanças anunciadas no CVA ao longo do ano – as últimas na semana passada-, o setor imobiliário tem deixado de lado as faixas iniciais e se concentrado no grupo 3, que teto de venda de R$ 264 mil em São Paulo.
O executivo diz que a casa se parece com uma residência de alvenaria, inclusive no toque, mas tem mais conforto térmico e acústico. A Tecverde já fez unidades para MRV, HM e Tenda – que hoje tem seu próprio negócio de casas de painéis, a Alea – entre outras.
A capacidade é de produzir até 5 mil casas por ano e atender canteiros em um raio de 1.500 km a partir da fábrica em Araucária (PR).
Atualmente, a empresa só utiliza um terço da capacidade, e Bonatto espera que o lançamento atraia demanda. “Tínhamos vendido volume para ocupar toda a capacidade, mas, por causa do aumento de custo na cadeia, diversos projetos foram postergados ou cancelados”.
A demanda por madeira está aquecida no país, por causa do uso para celulose e papel, mas não é o mesmo material utilizado para a construção, apesar de também serem do tipo pinus ou eucalipto.
A Tecverde só usa pinus, das florestas da sócia Arauco. “Não temos preocupação com o movimento que tem acontecido com papel e celulose, porque a quantidade de floresta plantada [para os painéis] é mais do que suficiente para a próxima década, e utilizá-la para celulose ou pellets seria jogar dinheiro no lixo”, diz Bonatto.
Vale destacar que além do apelo econômico, esse tipo de construção quer fisgar clientes pelo lado sustentável. A madeira é renovável e a industrialização reduz resíduos e água.
Fonte: Valor