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Construir a casa própria, um sonho cada vez mais caro

casa própria

Há algum tempo que o C3 – Clube da Construção vem mostrando os impactos dos insumos na construção civil e que o sonho de construir a casa própria é cada vez mais complicado.

Novos dados do Sinapi  (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), que é gerenciado  pelo IBGE em conjunto com  Caixa Econômica Federal  divulgou que o preço da construção do m² mais que dobrou nos últimos seis anos, passando de R$ 968,70, em janeiro de 2016, para R$ 1.525,48 em janeiro deste ano – um aumento de 57,48%.

Por outro lado, se analisarmos a inflação acumulada de 2016 a 2022 foi de 36,94%, o que demonstra o encarecimento da construção de forma mais elevada que o aumento dos preços em geral, no país.

Os dados do Sinapi levam em consideração dois indicadores: o valor da mão de obra e dos materiais de construção – sendo este segundo o grande “vilão” da história. Se, até 2020, o aumento do custo apenas dos materiais não passava de 6,5% (quando comparado ao ano anterior), foi em 2021 e 2022 que ele deslanchou, tendo crescimentos de 12% e 17,18%, respectivamente.

Segundo Marco Antônio Rocha, professor do Instituto de Economia da Unicamp, a pandemia teve grande influência nessas estatísticas. De 2020 para cá, as medidas restritivas causaram a escassez – e posterior encarecimento – de diversos insumos necessários para a construção civil, como estruturas pré-moldadas , alumínio e aço.

“Em um primeiro momento, houve certa interrupção nas linhas de produção e no transporte de alguns materiais, e o retorno não foi suficiente para atender a retomada da demanda. Além disso, há também um gargalo na logística desses insumos que está demorando a se normalizar por conta das seguidas ondas de transmissão de Covid”, explica o professor.

Dentre os problemas de logística citados estão os transtornos relacionados ao frete marítimo, ocorridos de forma geral na indústria. “O momento da interrupção das operações de embarque, formação de filas, escassez de contêineres, aumento do preço dos combustíveis e o gargalo na retomada: tudo isso gerou um encarecimento do transporte marítimo e, consequentemente, do preço que o consumidor paga pelos insumos”, diz o especialista.

E apesar desse movimento de aumento dos preços ter ocorrido em escala global, aqui, no Brasil, o impacto foi sentido de forma ainda mais profunda devido à grande desvalorização do real frente ao dólar.

Este impacto também é sentido pelas grandes construtoras que estão fazendo exercícios mentais para suportar o constante aumento dos preços.

A queda do dólar, a diminuição no ritmo de construção da China pode ajudar a refrear um pouco o ritmo de crescimento da inflação da construção civil.

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