Nas grandes cidades do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo, há escassez de bons terrenos e restritas leis de proteção de patrimônio. Por isso, segundo o Engenheiro Civil, Marcelo Cavalcanti Monteiro de Mattos, é cada vez mais comum incorporadoras utilizarem o método retrofit – termo utilizado que significa modernizar – para acelerar o processo de (re)construção dos edifícios ou prédios, mantendo a estrutura existente.
Muitos dos antigos prédios, segundo o Engenheiro, já estão obsoletos em relação as atuais normas de construção. Um exemplo é a norma NBR 15.575 – Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais – que entrou em vigor em 2013, isso ocorreu para que as empresas construtoras garantam a qualidade na produção e habitualidade do empreendimento. “Instalações antiquadas que geram manutenções caríssimas são substituídas por modernos sistemas de automação, tecnologias inteligentes e sustentáveis, instalações prediais novas (como hidráulica, esgoto e elétrica), espaços acessíveis a portadores de necessidades especiais, novos elevadores, elevação do piso, entre outros”.
A técnica de modernização da fachada por meio de courtan wall é uma das mais requisitadas, afirma Marcelo. “Além de trazer leveza e beleza as fachadas ultrapassadas, traz conforto térmico e acústico devido as novas tecnologias desenvolvidas. Como os vidros tipo Low-e, que utilizei no Retrofit do Shopping Rio Sul em 2011. Essa solução reflete a radiação infravermelha de ondas longas, reduzindo os ganhos ou perdas de calor do shopping. Isso significa que os ambientes terão um equilíbrio perfeito entre a transmissão da luz natural e a transferência de calor, com grande economia de energia”.
A maior dúvida entre os clientes é a possibilidade de transformar tempo em dinheiro, Mattos ainda lembra da famosa frase de Benjamin Franklin: “Remember that time is Money” e afirma que é possível adequar esse lema as atuais construções. “Revitalizar edifícios pré-existentes é uma das soluções mais viáveis. No Rio de Janeiro, por exemplo, para a cidade ficar pronta para os Jogos Olímpicos, em 2016 alguns hotéis aplicaram a estratégia para atender a demanda que estaria na cidade”. Um dos projetos ganhou destaque na área por ser um prédio residencial dos anos 50 em um dos hotéis mais modernos e atrativos da Orla de Botafogo – RJ, foi utilizado o método retrofit.
Devido ao bom estado de conservação, os prédios que passam por esse processo têm grande parte de sua estrutura de concreto (pilares, vigas e lajes) mantidas, porém todo o interior demolido para a transformação. “Em minha especialidade, trabalhamos na instalação da fachada do edifício, onde utilizamos 31 toneladas de alumínio de 105mm de bitola da linha CDA – extrudado na liga 6063 T5 (liga de alumínio de alta performance, indicado para absorver grandes solicitações de carga) e 3.100 m2 de vidros laminados refletivos de 12mm, que permitiam uma excelente transmissão luminosa e conforto térmico” explica o Engenheiro.
O engenheiro explica que através de um cronograma alinhado com as todas as áreas da obra, o fechamento do prédio em vidro (curtian wall) proporciona uma velocidade de instalação extraordinária. “Num efeito cascata inverso, é possível terminar a instalação da estrutura metálica (se necessário) e vidros por andar, e assim o mesmo já é liberado para a que áreas de acabamento e instalações internas comecem seus devidos trabalhos”.
“Além da velocidade na reconstrução do edifício e suprir a demanda necessária, a técnica retrofit só traz vantagens para prédios obsoletos: melhoria estética, reabilitação funcional, valorização no mercado imobiliário, redução do gasto de energia e consumo racional da água”, finaliza Marcelo.
Fonte: Terra (03/09/20)