O pior cenário possível para o investidor, neste contexto, é o de pouca ou nenhuma visibilidade. Cresce a poupança na pandemia, as pessoas querem ganhar mais, entre o medo e a coragem.
O processo de investimento em um ativo financeiro, como ações, títulos de dívida, fundos imobiliários ou até mesmo de um ativo real (imóveis, por exemplo), começa com a avaliação do cenário econômico e do seu perfil como investidor.
Com relação ao cenário econômico, é necessário levar em conta, do contexto macro ao micro, o que se pode esperar dos meses e anos à frente. Além do perfil, é preciso definir, por exemplo, o quanto de risco é aceitável frente à rentabilidade e o prazo proposto.
O pior cenário possível para o investidor, neste contexto, é o de pouca ou nenhuma visibilidade, como aconteceu nos primeiros meses da pandemia do coronavírus.
Por ser uma situação completamente atípica e com poucos precedentes, boa parte dos investidores pessoa física correram para as aplicações de menor risco, como a poupança.
Essa modalidade de investimento, que vinha perdendo a atratividade diante da pouca rentabilidade em um cenário de juros baixíssimos, bateu recordes de captação líquida.
No primeiro semestre de 2020, a caderneta acumulou uma aplicação líquida de R$ 84,44 bilhões. Para ter uma ideia do crescimento nesse tipo de investimento, no ano inteiro de 2019 a captação líquida foi positiva em R$ 13,32 bilhões.
Ao considerar que a poupança oferece rentabilidade inferior à taxa básica de juros, a Selic, que hoje está no patamar de 2% ao ano, fica claro que as pessoas desistiram de remunerar seu dinheiro com medo do incerto.
O processo mais avançado de abertura das economias na Ásia e Europa felizmente mostram um caminho positivo que o Brasil poderá trilhar nos próximos meses, e o mercado financeiro responde positivamente: o Ibovespa voltou ao patamar de 100 mil pontos, o mercado de capitais se abriu para novas operações de financiamento às companhias e fundos de investimento voltaram a fazer novas captações.
As perspectivas para o mercado de fundos imobiliários, por exemplo, são muito positivas. Atualmente, mais de 20 fundos estão em processo de oferta pública para levantar recursos adicionais para aplicar no setor.
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Levando em conta somente estas operações que já estão em andamento, a movimentação será de mais de R$ 7 bilhões. Isso mostra que a incerteza aos poucos sai de cena e, com isso, inicia-se a migração gradual às opções de investimento mais rentáveis.
Para além da busca por rentabilizar o capital, movimentações como esta do mercado financeiro e de capitais são muito positivas para empreendedores que precisam de recursos para financiar seus projetos e, consequentemente, para a retomada da economia real.
Fundos imobiliários são grandes investidores de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), títulos que apresentaram comportamento resiliente em momentos de crise sem abrir mão da rentabilidade do investidor.
Os CRIs são títulos de dívida que foram criados justamente para financiar o setor imobiliário. Esses títulos podem estar atrelados ao fluxo de recebíveis do negócio, contar com garantias reais e gatilhos que dão mais segurança aos adquirentes desses papéis.
As operações podem financiar desde projetos imobiliários em construção até os concluídos – no formato de reembolso – e envolver negócios de diversos segmentos, como residenciais, comerciais, galpões logísticos, shoppings, hotéis, multipropriedade e loteamento.
Um bom exemplo são as loteadoras, essa modalidade de produto não é englobada pelo Sistema de Financiamento Habitacional (SFH) e, por isso, os empresários encontram apenas linhas simples de crédito de curto prazo nos bancos – o que não faz sentido quando comparamos com o fluxo de recebíveis de um projeto desse tipo.
Com a retomada do mercado de capitais, estes empreendedores têm uma boa oportunidade: captar recursos através de CRIs com estruturas mais flexíveis e adaptadas ao seu fluxo de recebimento.
Outra oportunidade para esse empreendedor está na retomada das vendas dada a Selic baixa. Com os investimentos mais tradicionais apurando retornos inferiores à inflação, aquele investidor que não migrar para ativos alternativos, dado o seu perfil mais conservador, poderá ter na compra de imóveis uma boa opção de investimento.
Ou seja, o mercado imobiliário depois de um iminente susto, terá motivos para comemorar? Os Fundos Imobiliários já depositam as suas fichas nesse cenário.
Fonte: Uol (31/08/20)