Os bancos estrangeiros suspenderam praticamente todo o financiamento aos bancos no Brasil, em meio à crise do coronavírus, segundo informou o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney. Isso veio agravar a situação de restrição de liquidez decorrente da hecatombe da covid-19, a elevação dos riscos e aumento das taxas de captação.
Mesmo com importantes medidas anunciadas pelo Banco Central, destinadas a prover liquidez ao sistema financeiro, “a circulação de dinheiro ficou mais restrita – até porque houve grande destruição de riqueza nas últimas semanas em todo o planeta”, ressaltou ele.
Ainda assim, Sidney assegurou, em sua primeira entrevista no cargo, que a taxas de juros média nas operações de varejo, tanto de pessoas físicas quanto pessoas jurídicas, ficaram de forma geral estáveis neste período.
“Isso é especialmente válido no caso das prorrogações e nos casos de varejo (PF e PJ) que concentram a imensa maioria dos clientes”, disse ele.
Se houve uma elevação nos juros, ela teria sido “alguma alta muito pontual, mas posso afirmar que, de acordo com as nossas informações, as taxas de juros ficaram estáveis no decorrer das últimas semanas, desde a eclosão da crise do coronavírus”, segundo Sidney.
Nas operações com grandes empresas e nas operações novas, às vezes o cenário é um pouco distinto, disse ele, sobretudo com linhas mais longas (acima de um ano), porque o custo de captação aumentou substancialmente. Se um título pré-fixado com prazo de dois anos era negociado a juros de 4,33% no início do mês passado, passou a ter juros de 6,12% no
“Esse é um exemplo muito significativo de cooperação entre os setores público e privado”, salientou Sidney. Essa nova linha ainda depende de aprovação de uma medida provisória, mas os bancos pretendem disponibiliza-la ainda nos primeiros dias de abril.
O presidente da Febraban ressaltou, também, que seja na crise ou fora dela, o papel do sistema bancário é se manter líquido e saudável para evitar um efeito contágio e uma crise sistêmica.
Ele considerou, ainda, que sem contar o setor de saúde, “sem dúvida nenhuma, o setor bancário foi o que mais se mobilizou e contribuiu não só para a crise de saúde, mas também para a recuperação econômica mais rapidamente possível”. Disse que são milhares de pessoas trabalhando para que a população tenha suas necessidades financeiras atendidas.
Fonte: Site Valor Econômico